Zine Pasárgada
foi um Fanzine cultural e educacional que se propôs divulgar os mais diversos tipos de expressões artísticas e os mais variados assuntos.

O jornal Pasárgada teve 3 edições impressas e distribuídas na cidade de Piracicaba/SP e está guardado, junto com outras idéias, no limbo da falta de tempo e dinheiro.

O blog retomou a proposta do Zine e abriu espaço para diversidade de idéias e de expressões.

Hoje o blog acompanha o jornal e as atividades estão encerradas.

Foi uma grande satisfação ser um dos amigos do Rei.

Fábio

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os Acontecimentos de 2011 e as Expectativas para 2012 no Futebol


2011 terminando, 2012 prestes a começar. Com a chegada do fim de ano, aumentam as reflexões sobre o ano que passou (no caso, 2011), a fim de ver aonde está o erro, e como corrigí-lo. E no mundo do futebol não é diferente. Para os Corinthianos, o ano foi muito bom, pela conquista do pentacampeonato Brasileiro. Para os Santistas, então, nem se fala: o clube se sagrou campeão paulista, campeão da Libertadores, e conseguiu segurar Neymar, um dos melhores atletas desde Ronaldo, aceitasse uma proposta para permanecer no Brasil, e ajudar a fazer o nosso país, o ''país do futebol'', e não só o país dos craques. Se o ano foi bom para Neymar, Ganso terminou do lado oposto ao que começou 2011: com a imagem arranhada por várias especulações em torno de sua saída do Peixe, lesionando-se em momentos importantes, e sem a certeza de que é o camisa 10 do Brasil.


Tite foi um dos responsáveis diretos pela conquista do Penta Brasileiro pelo Corinthians.


Neymar: jogou muito em 2011 e fica até 2014 no Santos.

Já para São-Paulinos e Palmeirenses, 2011 deve ser esquecido (ou lembrado, para que ão comentam os mesmos erros): Tanto Palmeiras, quanto São Paulo decepcionaram nos campeonatos que disputaram, e tornaram públicas as crises internas, muitas vezes ocorridas por conflitos de poder na diretoria. Erro inadmissível, para clubes que querem voltar a ser os melhores do Brasil.

Por falar em Brasil, a nossa Seleção Brasileira não anda lá essas coisas. Mano Menezes fez a tão pedida ''renovação'' na Seleção, e em um ano e meio de trabalho, ainda não tem um grupo, ou um time formado. A principal aposta da CBF são as Olimpíadas de Londres, em agosto de 2012. O Brasil tem 11 bons jovens jogadores (incluindo Neymar, Lucas e Leandro Damião), capazes de trazer o único título que ainda falta ao Brasil. Mas já vimos esse filme: Brasil vai às Olimpíadas com um ótimo time, e perde para um adversário inesperado (mas na verdade perde para a pressão de conquistar o ouro). É torcer para que o Brasil, finalmente, consiga a tão sonhada medalha de ouro em 2012. No restante, ainda faltam alguns pontos a serem resolvidos por Mano, como a titularidade de Ganso, a inclusão de Kaká no time titular, e definir se a Era Robinho na Seleção chegou ao fim ou não. Esses são pontos imprescindíveis para que Mano encontre um grupo para vencer a Copa do Mundo de 2014, aqui no Brasil.

Antes unânime como 10 do Brasil, Ganso não fez um bom 2011.

Outros pontos positivos e negativos a serem lembrados: Lucas, apesar de ter feito bons jogos, fez uma temporada inconstante; se quiser uma vaga no time de Mano, precisará mostrar, em 2012, mais futebol, e ser um jogador menos ''bipolar'' dentro de campo. Alexandre Pato ainda não se firmou como titular do Milan, e muito menos da Seleção Brasileira; precisa reencontrar seu futebol e sua regularidade, se quiser oportunidades para se firmar como camisa 9 do Brasil. Leandro Damião surgiu como uma (boa) alternativa para vestir a 9 do Brasil na Copa; da mesma idade de Pato (22 anos), tem boas chances de ser o titular de Mano nas Olimpíadas, já que seu concorrente parece estar mais preocupado com a (linda) namorada Bárbara Berlusconi, do que com seu desempenho dentro de campo.

Bárbara Berlusconi parece interessar mais a Pato do que a 9 da Seleção.

Damião: boa opção para ser o centrovante do Brasil.

Dedé surgiu como possível titular do Brasil, após realizar uma excelente temporada com o time do Vasco; rápido e forte, representa juntamente com Neymar, a nova cara dos bons jogadores brasileiros, que preferem permanecer no país, a ir para a Europa. Ronaldinho, apesar da boa temporada com o Flamengo, não parece muito disposto a alcançar uma vaga como titular na Seleção; para a torcida, ainda é uma esperança de ''futebol bonito''; já para mano, é (provavelmente) uma carta fora do baralho. Kaká teve mais uma temporada prejudicada por lesões; se o meia de 28 anos se recuperar fisicamente, são grandes as chances de ingressar no meio-de-campo do Brasil.

Dedé: uma das boas surpresas em 2011.

Lesões atrapalharam Kaká e os planos de Mano Menezes em 2011.

E o Barcelona.. bom, o Barcelona é simplesmente o melhor time do mundo, e certamente um dos melhores de todos os tempos. Guardiola fez funcionar a filosofia da posse de bola no time catalão, maneira de jogar que já vinha sendo desenvolvida desde 1975, com a chegada do holandês Cruyff (o maestro da Laranja Mecânica, que encantou o mundo nas Copas de 74 e 78), no início como jogador, e posteriormente como treinador. E apesar das inúmeras reverências a Messi, o ''Cruyff'' deste Barça é o meio-campista Xavi, que do alto de seu 1,70m, joga um futebol espetacular. Não é à toa que todos os gols e boas jogadas do time ccatalão passem por seus pés. Hoje, o Barça depende mais de Xavi, do que de Messi. E Messi depende mais do Barça, do que Xavi. Apesar disso, a equipe catalã, que conta com oito titulares formados em La Masía (time de base do Barça), já escreveu seu nome no hall das melhores equipes de todos os tempos, por mostrar que investimento na base dá resultado, e também por mostrar a todos que é possivel ganhar e impressionar ao mesmo tempo.

Messi e Xavi são os grandes responsáveis pelo Barça estar aonde está hoje.

Ninguém sabe o que 2012 nos reserva. Pode ser que apareça um novo Neymar, um novo Messi, para encantar o mundo. Pode ser também que um desses jogadores, que estão no auge, se machuque e nunca mais volte a jogar da mesma maneira. Mano Menezes pode sair do comando da Seleção Brasileira. O Corinthians pode ganhar a Libertadores. Enfim, as possibilidades são infinitas, já que ''o futebol é uma caixinha de surpresas''.
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Gostaria de agradecer pelos vários elogios, críticas construtivas e apoio que recebi desde que publiquei meu primeiro texto. Gostaria também de agradecer ao Fábio, pelo convite para eu escrever aqui no Zine Pasárgada, e posso dizer que isso foi uma das melhores coisas que me aconteceram esse ano. Encerro por aqui as minhas atividades em 2011. Em 2012 tem muito mais! Bom Ano-Novo a todos! @leoglopes

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Privatas do caribe

     Caros amigos do Rei, não escrevi “piratas” errado. No decorrer desse texto você entenderá que esse título é a expressão exata de cenas reais rodadas nessa terra Tupiniquim. Adiantando: não tem nada a ver com o Capital Jack Sparrow!
     Primeiramente, agradeçam a Deus (ou a Alah, ou a Jah, ou a Santa Internet, ou ainda ao grande e misterioso nada que veremos após a morte) por estar lendo esse texto, pois aqui na blogosfera e em Pasárgada nossa opinião não tem “rabo preso” com nenhum patrocinador!
     O autor do livro de hoje foi vencedor por três vezes do prêmio Esso de jornalismo e por quatro vezes do prêmio Vladimir Herzog. Trata-se do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A “A Privataria Tucana” traz um case emblemático de como o dinheiro público pode servir de alavanca para alienar patrimônio público em favor de interesses privados.
     O livro é resultado da reportagem investigativa de Amaury Jr. e trata-se da venda (ou doação) do patrimônio público e lavagem de dinheiro que ocorreram nesta terra Tupiniquim quando FHC (Fernando Henrique Cardoso) era presidente. Independentemente da opinião de cada um sobre privatizações, sobre a eficácia ou ineficácia do Estado ao gerir os bens públicos. Percebemos no livro que o modelo de privatização que assolou o Brasil nos anos FHC não foi o mais adequado aos interesses dos habitantes dessa terra Tupiniquim.
     A desestatização à brasileira foi o jeito Tucano de torrar estatais com a doação de empresas a preços baixos e a poucos grupos empresariais. Deixando os ricos brasileiros mais ricos.
     Pagamos para vender nossas empresas. Com a venda da Vale, Embraer, Usiminas, Copesul, CSN, Light, Acesita e as ferrovias o governo FHC afirmava ter arrecadado R$ 85,2 bilhões e o jornalista econômico Aloysio Biondi publicava em seu Best seller O Brasil Privatizado,que o Brasil gastou R$ 87,6 bilhões com essas empresas, portanto R$ 2,4 bilhões a mais do que recebera.
     Só para se ter uma ideia, em 1998, vendemos por R$ 22 bilhões todo o sistema de telefonia do Brasil, a Telebrás. É uma quantia tão impressionante quanto a que a União investira na Telebrás nos dois anos e meio anteriores à privatização: R$ 21 bilhões.
     O livro acusa e prova, por meio de documentos públicos, a corrupção da alta cúpula tucana. Nele está comprovado que o ex-tesoureiro das campanhas do PSDB (Ricardo Sérgio de Oliveira) recebeu propina de um dos vencedores no leilão da privatização da Telebrás, Carlos Jereissati, irmão do ex-senador, Tarso Jereissati PSDB/CE.
     Ricardo Sérgio de Oliveira foi o único diretor do (BB) Banco do Brasil por indicação política. Serra, quando Ministro o nomeou como diretor da área internacional do BB, com objetivo de facilitar a concessão de empréstimos às empresas, para que as mesmas pudessem participar de consórcios para compra das estatais. Foi usando a influência do cargo de diretor do BB que Ricardo articulou, manobrou e formatou os consórcios de empresas para arrematar estatais durante os anos dourados da privataria.


     Assim o dinheiro público financiava a alienação das empresas públicas. A gratidão dos arrematadores nos leilões expressava-se zelosamente nas campanhas eleitorais do PSDB por meio de doações.
     Entre os arrematadores das empresas públicas, destaca-se Daniel Dantas e sua irmã, Verônica Dantas, sócia da filha de Serra (Verônica Serra). A Empresa das “dondocas” em 2000 tinha um capital de R$ 10 mil. Neste mesmo ano recebeu do Caribe R$ 1,8 milhão e no ano seguinte R$ 3,5 milhões. Em 2002 atingia mais de R$ 7 milhões em patrimônio.
     A mágica de “multiplicação dos ovos de ouro” da filha de Serra deixa no chinelo o crescimento do patrimônio do Palocci. Aliás, o PIG (Partido da Imprensa Golpista) derrubou sete ministros do governo Dilma por muito menos. Os jornais martelavam diariamente as acusações até a queda.
     O esquema da Privataria tucana era complexo. Em síntese, o dinheiro saia do Brasil por doleiros e ia para paraísos ficais (ilhas do Caribe). Do Caribe o dinheiro era espalhado por contas de empresas em bancos americanos (para dificultar o rastreamento), essas empresas por sua vez, investiam em empresas brasileiras, comprando cotas de sociedade.
     Mesmo esquema utilizado por Paulo Maluf e Fernandinho Beira Mar. São denúncias graves. A quantia surrupiada daria para criar uma biblioteca em cada escola desta terra Tupiniquim e o PIG está escondendo, nos mostrando de modo escancarado e comovente que sua alma é serrista.
     O PIG que ao longo dos últimos meses, em nome da moralidade pública e do combate à corrupção, vem veiculando calúnias, denúncias falsas e sem provas (como as que derrubaram o ministro Orlando Silva).  Diante de uma reportagem ampla e rigorosa (um trabalho de 10 anos), recheada de provas e envolvendo desvio de bilhões de reais, silencia ou tenta desqualificar a acusação.
     O autor, em recente debate sobre o tema, esclarece o comportamento do PIG: “Se CPI for aberta, vou avisar que o que está no livro é pequeno. Vai chegar à sociedade a forma como a editora de uma grande revista e veículos de comunicação tiveram dívidas perdoadas depois das privatizações".
     A mídia brasileira não tem o direito de continuar fazendo de conta que não viu a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos anos 1990 e começo da década seguinte. A sua obrigação é manter o brasileiro informado, afinal o Estado lhe deu uma concessão com a finalidade de prestação de serviço à população. Mas ao contrario disso, estamos sendo ludibriados.
     A CPI da privataria nem iniciou os trabalhos e já estou até sentindo o cheiro de pizza, pois o sistema de doleiros e paraísos fiscais utilizados pela cúpula tucana, foi utilizado por todos os partidos políticos, incluindo o PT. Aliás, foi essa a razão de ter terminado em pizza a CPI do Banestado.
     Como diz o ditado: quem cala consente. O PIG já consentiu. E você, vai ficar aí calado?
     Aproveite que você é “amigo do Rei”! Entre nessa luta! Não requer prática nem experiência. Basta seguir os 6 passos do “manual do revolucionário do século XXI”:
1º Compartilhe e curta esse link nas redes sociais;
2º Compre o livro, ou baixe aqui;
3º Leia o mesmo;
4º Crie um evento no FaceBook “Ato contra a privataria tucana”;
5º Compareça ao evento criado.
6º Repita o processo até quando não existir mais casos de corrupção no Brasil.
     Sou o @bibliotecarioSP, responsável pela biblioteca aqui de Pasárgada.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Reforma Política: Um Debate Necessário Para o Brasil Avançar.

No campo da política não há espaço para formulas prontas quando estamos diante de problemas relacionados a natureza do Estado. Essas problemáticas, normalmente são frutos da própria dinâmica social e tendem a se tornar elementos essenciais para tranformarmos a realidade, além de adequar a funcionabilidade estatal ao seu contexto histórico. É nesse processo dialético que passam a surgir os novos desafios e novas demandas políticas que por sua vez, podem ou não determinar o início de uma transformação social.

E diante de tal contexto, é fundamental avaliar um pouco sobre o nosso papel como sujeito histórico, tendo em vista a responsabilidade de identificarmos esses novos desafios que podem condicionar uma transformação política para que nossa ação, enquanto cidadãos seja cada vez mais qualificada e fundamentada no atual momento que estamos inseridos. Não adianta pararmos no tempo e pensar que presente é apenas o bastante para lidarmos com as atuais demandas sociais, pelo contrário, precisamos utilizar de todas as lições que obtivemos no passado para daí, compreender a contemporaneidade e assim oferecer respostas concretas para as necessidades políticas atuais.

Enfim, é no acúmulo de força e no diálogo com outras opiniões que vamos obter a experiência necessária para compreendermos a nossa realidade. A maior prova disso, consiste no avanço que os partidos e entidades civis de ideologia progressista e de esquerda vem obtendo ao longo da última década, principalmente após a vitória eleitoral do presidente Lula em 2002. Foi um processo que não surgiu do dia para a noite, pelo contrário, foi uma construção histórica e obtida ao longo de um árduo processo de acúmulo de experiências, estudos e alianças políticas. Processo esse que vai sendo construído a medida em que as contradições vão se manifestando com mais intensidade e precisando assim de respostas mais fundamentadas às reais necessidades.

Vivênciamos uma década repleta de mudanças, principalmente no que diz respeito ao fortalecimento do diálogo e da participação popular dentro das instâncias deliberativas do poder político. Foi o momento em que os movimentos sociais, os partidos políticos de esquerda e as organizações civis passaram a ser os principais representantes do povo brasileiro, pois esses, foram capazes de entender toda a complexidade das relações políticas e ao mesmo tempo, criaram as condições necessárias para um período de intensas transformações sociais. Como sabemos, a ascensão desses setores políticos foi responsável pelo desenvolvimento das políticas públicas, das ações afirmativas e dos mecanismos de controle social.

Contudo, todos esses avanços também possibilitou um amadurecimento político que por sua vez, veio acompanhado por novas demandas, necessitando ainda mais a ampliação das ações políticas para que haja maior participação popular a fim de que esses novos desafios sejam incorporados à agenda publica. Ainda temos um longo caminho para debatermos sobre questões fundamentais para o desenvolvimento social do Brasil, e a reforma política é uma dessas questões. Felizmente, criamos condições reais para debatermos sobre essa temática, dentro e fora das instâncias burocráticas e conservadoras do Estado. Para ficar mais claro esse raciocínio, vamos pensar da seguinte maneira: se no passado, a juventude exigia mais escolas e universidades, hoje, temos que exigir uma revolução no modelo educacional do país; se os trabalhadores clamavam pela criação de novos postos de trabalhos, hoje, temos que lutar pela valorização e pelo trabalho decente e se a outrora, lutávamos por um projeto político voltado para as classes populares, hoje, temos condições de exigir uma reforma no modelo de organização política do país, para que possamos transformar o Brasil em uma democracia ampla, participativa e popular. Os novos desafios do século XXI estão lançados e o momento é bastante propício para avançarmos junto com os movimentos sociais.

Enfim, não podemos negar que chegamos a um momento de grande maturidade, e justamente por isso, temos total condições de identificar os próximos passos para avançar no processo de reformulação da democracia brasileira. Para isso, é fundamental romper com obstáculos institucionais que foram cristalizados nas raízes do Estado brasileiro, pois esses dificultam a possibilidade de se executar maiores transformações na atual conjuntura política. Além disso, também é necessário desconstruir a lógica que está inserida no atual modelo de democracia representativa do país. Democracia essa que em muitos caso, não favorece de forma eficaz a participação popular nas instâncias governamentais e que é facilmente manipulada por fatores externos, como a grande mídia e o capital privado. Nessa conjuntura, temos que fortalecer cada vez mais a ideia de uma democracia livre do capital econômico.

Estamos diante de uma nova contradição e os partidos políticos, junto aos movimentos sociais precisam tomar propriedade desse debate, para que a democracia brasileira não seja, mais um instrumento das oligarquias e dos empresários que historicamente utilizam da gestão pública para manter os seus interesses de mercado. É difícil avançar, tendo que conviver com um modelo de democracia vacilante e submissa ao poder economico. É difícil chegarmos a novos patamares se ainda predomina uma cultura política conservadora e paternalista. Entretanto, só vamos encontrar a solução para esses novos desafios através da mobilização popular.

As organizações sindicais, os movimentos comunitários, as mulheres, a juventude e os movimentos de negros e negras precisam formular opiniões sobre o fortalecimento dos partidos políticos e do financiamento público de campanha para que possamos acabar com certas práticas eleitorais que somente favorecem uma elite e que faz da gestão pública um instrumento para a manutenção dos interesses particulares. Para a democracia avançar é preciso que os partidos políticos se fortaleçam e que seus programas sejam respeitados e não reduzidos apenas a legendas eleitorais.

E é diante disso que os movimentos sociais precisam responder aos novos estímulos e orientar os rumos do debate sobre a reforma política brasileira, com o intuito de escrever um novo projeto nacional de desenvolvimento para país. Os movimentos não podem estagnar no tempo e no espaço, nem ficar presos as bandeiras do passado, é preciso renovar a luta e avançar na política. Em outras palavras, vamos democratizar a democracia e fazer com que haja de fato, um modelo de representação democrática que contemple os trabalhadores, as mulheres, os jovens, os negros, os índígenas e outras minorias. É dessa democracia que o país precisa.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

À Espera de um Milagre.



De 8 a 18 de dezembro, acontece o Mundial Interclubes da Fifa, torneio que reúne os campeões de seus respectivos campeonatos continentais. Antigamente, o torneio reunia apenas o campeão euroupeu e o campeão sul-americano, mas para fazer o politicamente correto (e também para abrir as portas a clubes bancados por magnatas do petróleo, caso do Al-Sadd, do Catar), desde 2005 clubes de todos os continentes participam do torneio, o que não significa que todos saibam que a final será entre um sul-americano e um europeu (ainda acredito que o Internacional só perdeu para o Mazembe em 2010 pois entrou com a cabeça já na final, e esqueceu de jogar bola na semi-final), muito superiores tecnicamente aos demais clubes. Algumas pessoas reclamam que a semi-final dá menos tempo de preparação aos atletas, que tem de se acostumar ao fuso-horário do Japão. Mas as semi-finais tem um ponto positivo: permitem ao adversário analisar tecnicamente e taticamente o possível rival da final, mesmo eles não jogando 100% de seu futebol nas semi.

E o Santos estreou com vitória ontem sobre os nove japoneses e dois brasileiros do Kashwa Reysol, do Japão. Com gols de Neymar, Borges e Danilo, o alvinegro praiano tomou leve pressão no final do jogo, e mesmo sofrendo um gol no segundo tempo, o Santos se manteu sempre superior ao Kashiwa. Porém, surgiram comentários de que ''se o Santos jogar dessa maneira contra o Barcelona na final, vai perder de goleada''. É óbvio que existem pontos a serem melhorados na equipe de Muricy Ramalho. O Santos teve menos posse de bola do que o Kashiwa, dado preocupante, pois desde março de 2008, o Barcelona não perde na posse de bola para um adversário em um jogo. Muricy sabe que é impossível seu time ter mais posse de bola que o Barcelona. Mas se não melhorar nesse quesito, as chances de um milagre ocorrer no domingo diminuem drasticamente. Outro ponto que deve ser revisto é a ligação entre meio-campo e ataque santista. Ganso e Elano, responsáveis por esse quesito, fizeram boa partida na terça, mas precisam melhorar, e em hipótese alguma errar passes, se quiserem fazer história no domingo. Já Neymar... esse não precisa de comentários. Sua função no campo é fazer a equipe funcionar, assim como ajudou (e muito) o Santos contra os japoneses, ora buscando o jogo no meio-campo, hora atuando como um ponta que puxava a marcação para onde ele fosse.

Neymar, jogando como ponta esquerda, marcou o primeiro gol da vitória santista pelo meio, e de perna esquerda.

Já o Barcelona mostrou seu mesmo futebol de sempre, ou seja: deu show, mostrou um entrosamento espetacular, e ainda garantiu a goleada sobre o Al-Sadd, do Catar. Isso com o time misto, já que jogou sem o seu melhor zagueiro (e um dos melhores do mundo), Piqué; sem um dos melhores apoiadores do mundo, Daniel Alves; e sem o melhor articulador do mundo (sem sombra de dúvidas), Xavi. Ou seja: o Santos vai ter de ralar, suar a camisa, mostrar raça, e acima de tudo, ser inteligente taticamente para parar o ''El Carrossel'' de Pep Guardiola, e fazer história no domingo.

Barcelona, mesmo com time misto, deu show e aplicou goleada sobre o Al-Sadd, do Catar.

O Barcelona atual joga em um 3-4-3, em função da tática do adversário, já que hoje o 4-2-3-1 é o esquema mais usado mundialmente. Puyol marca o ponta direita, e não sobe para apoiar, deixando o jogador ''inútil'' na marcação, assim como faz Abidal, este com mais liberdade, na esquerda. Piqué é o líbero e marca o centroavante; Flutuando entre os zagueiros, fica Sérgio Busquets, que pega a sobra e por vezes marca o armador adversário. Daniel Alves atua como um ala direito, não deixando o lateral adversário apoiar e ajudando (e muito) no ataque pelo lado direito. Pelo meio, Xavi articula todas as jogadas do time da Catalunha, armando, passando, cruzando, e deixando, por diversas vezes, os atacantes na cara do gol. Depois de Messi, é o jogador com quem o Santos deve tomar mais cuidado. Na esquerda, Iniesta faz o misto das funções de Daniel Alves e Xavi, ou seja: arma, passa, cruza, marca, e ainda finaliza, aparecendo como elemento surpresa lá na frente; Mais adiante, Cèsc Fábregas faz a função de armador clássico, e aparece de surpresa na frente constantemente para finalizar; e finalmente, Messi, que joga por ora na ponta direita, por ora como armador e até mesmo como ''falso ponta-de-lança'', vindo buscar o jogo entre os meias para conduzir a bola até o ataque, dando espaço para Iniesta e Fábregas aparecerem na grande área. Um outro detalhe importante de ''La Pulga'', é que ele é um gênio. Marcação individual dificilmente resolverá, e Muricy precisa encontrar um jeito de marcá-lo por zona, mas sempre com alguém na cola de Messi, para atrapalhar a vida do baixinho. Na esquerda, Pedro (ou Alexis Sánchez) faz a função de ponta, e por diversas vezes, aparece para finalizar na área como um centroavante. Fica o comentário de que o Barça joga como um carrossel, fazendo a bola rodar entre seus jogadores, que não tem posição fixa. O Santos perde o jogo se ficar assistindo ao Barça jogar, prazer que fica reservado para nós, espectadores.

Prévia do jogo tático que acontecerá domingo entre Santos x Barcelona.

Já o Santos joga em um típico 4-4-2, parecido com o que Dunga usou na Copa do Mundo de 2010, no comando do Brasil. A defesa conta com Danilo, que marca corretamente e apoia muito bem, Edu Dracena e Bruno Rodrigo, um zagueiro clássico e um rápido, respectivamente, e Durval na lateral esquerda, fazendo uma espécie de terceiro zagueiro. Como volante fixo, Henrique, que também sabe sair para o jogo. Arouca ajuda na marcação e ajuda na ligação entre defesa e ataque, função parecida com a de Felipe Melo no time de Dunga; Elano cumpre a mesma função em que jogou na Copa de 2010, apoiando, articulando, e também ajudando na marcação do time. Já Ganso é um meia clássico, camisa 10 em falta no futebol brasileiro, que articula, passa, chuta, organiza o time, e faz o último passe, aquele que deixa o atacante na cara do gol. Neymar atua em função mais ou menos parecida com a de Messi, só que pela esquerda. Ele por ora joga como um ponta, que puxa a marcação pela lateral e também pelo meio; também joga invertendo os flancos, o que confunde a marcação do time adversário; e assim como La Pulga, joga buscando o jogo no meio, solto no setor de meio-de-campo, para conduzir a bola até o ataque, abrindo espaço para os meias apoiarem e aparecerem no ataque. Borges joga como um típico camisa 9, fazendo o pivô e chutando (muito bem) de fora da área.

Resumindo, o Santos não terá vida fácil. Muricy precisa encontrar uma maneira de fazer o Santos chegar até o ataque, e não ficar refém de Neymar. Um gol no começo seria muito bom, assim como fez o São Paulo em 2005, contra o Liverpool. Se o Santos aproximar as linhas defensivas, marcar compactamente, errar poucos passes, aproveitar as chances, e tiver um pouco de sorte, consegue fazer história no domingo. Não só pelo fato de ganhar o primeiro mundial após a era Pelé e também por conseguir vencer o melhor time do Barcelona de todos os tempos, fato que nem Mourinho, um dos melhores técnicos do mundo, juntamente com Guardiola, e o melhor no quesito tático, com o seu poderoso Real Madrid não conseguiu no sábado, em casa, pela Liga Espanhola. Mas sim por coroar uma geração de garotos, liderada por Neymar, que pode se sagrar campeã de quase tudo desde 2010, e mostrar que o Brasil, pode ser sim, o centro mundial do futebol, e não só um exportador de ótimos jogadores. Se o Santos conseguir a vitória no domingo, conseguirá uma das maiores vitórias na história do futebol mundial de todos os tempos, em todos os aspectos. Boa sorte aos Meninos da Vila.

Neymar é a esperança do Alvinegro Praiano.
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Os leitores mais assíduos do blog (acho né, hehe) que perceberam a minha ausência, principalmente quando fatos mais importantes no mundo do futebol aconteceram, como no ''Dia do Fico'' do Neymar e a conquista do Campeonato Brasileiro 2011 pelo Corinthians. Me desculpem, pretendo retornar a escrever, acredito que semanalmente, e esses temas não passarão em branco na retrospectiva que farei nos últimos dias do ano! @leoglopes

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A medicalização excessiva na sociedade contemporânea

Minha postagem de hoje é uma extração do meu projeto de pesquisa sobre a medicalização excessiva na sociedade contemporânea. Este escrito consiste na revisão da literatura a respeito do assunto, e embora pareça algo muito teórico ou massante, achei legal trazer essa discussão para o blog, pois acredito que muitas pessoas possuem opiniões diversas sobre isto.
Todos os direitos reservados! (rs)



A medicalização excessiva na sociedade contemporânea

                       A farmacologia surgiu como uma ciência que estuda substâncias químicas que interagem com os sistemas biológicos. O grande objetivo dessa ciência era descobrir e produzir medicamentos onde o sofrimento ou alterações físicas fossem amenizados ou em muitas vezes, erradicados. Com o decorrer dos anos e como toda ciência, a farmacologia foi crescendo e se aprimorando junto com a biomedicina. Hoje a farmacologia se constitui numa grande indústria que produz milhões de medicamentos mundialmente, e atinge pessoas de todas as classes e com todos os tipos de patologias.
     O avanço dos fármacos caminha paralelamente com o avanço das patologias recentemente diagnosticadas, ou seja, a cada aumento e ampliação de diagnóstico, um medicamento novo é produzido para atender essa demanda. Sendo assim, hoje a indústria farmacêutica disponibiliza muitos remédios que são acessíveis à sociedade.
     A partir da facilidade no acesso aos medicamentos e a alta prescrição médica que vem acontecendo também nos dias de hoje, fazer uso de um medicamento ou comprá-lo, se tornou maneira fácil, rápida e as vezes até mais econômica de extinguir ou amenizar um sofrimento físico ou até mesmo psicológico.
     A banalização do diagnóstico e da busca pela descoberta pela causa de uma doença, também ocasiona numa medicalização desenfreada na sociedade, e a prescrição médica se torna algo apenas automático e não empático, onde se busca saber a cessação de um sintoma e não se investiga o sofrimento de um paciente e quais suas causas:

          “Ao viver em uma sociedade que valoriza a anestesia e a sedação de sintomas, o médico e seu cliente aprendem a abafar a interrogação inerente a qualquer dor ou enfermidade: O que é que não anda bem? Por quanto tempo ainda? Por que é preciso? Por que eu? Qualquer médico sincero sabe que, se ficar completamente surdo à pergunta implícita na lamentação do paciente, pode até reconhecer sintomas e fazer diagnósticos corretos, mas não compreenderá nada do sofrimento dele. (Tesser, 2006)”

                            Notável perceber, nauseado é bem verdade, que exames complementares
supostamente anormais são a pseudo-doença e a razão para prescrições estapafúrdias.” (Bittencourt, 2008)

O consultório médico hoje em dia se tornou uma sala de um pseudo trabalho terapêutico. Muitas pessoas procuram uma orientação médica para aquilo que os aflige, e o consultório se torna um espaço depositário de angústias e desabafos, onde muitas vezes o corpo responde pelas questões emocionais. E o remédio se torna, a partir disto, a “cura” para os problemas enfrentados pelos indivíduos da nossa sociedade. O atendimento médico hoje deixa de ser um fator de necessidade, para um exagero praticado pelas pessoas.
     Com isto, vem-se observando que a cultura medicamentosa está cada vez mais enraizada na sociedade e nas famílias, onde a educação do uso excessivo e sem prescrições de drogas farmacêuticas é passada de geração para geração. Um fato que nos mostra essa realidade que enfrentamos hoje, é a maneira como nossos antepassados lidavam com a questão da saúde e da contenção de sintomas, onde podemos perceber que num momento onde a indústria ainda não tinha seu poder ou até mesmo sua evolução, a resolução dos problemas eram encontradas e executadas de uma outra maneira, sendo que remédios naturais ou até mesmo conhecimentos sobre plantas medicinais eram a opção mais procurada.
     Os medicamentos farmacêuticos são composições químicas que muitas vezes podem causar reações adversas. Hoje em dia, ao contrário de gerações anteriores, não buscamos mais informações sobre aquilo que estamos ingerindo ou qual a causalidade dele. Passou-se a acreditar cegamente nos conhecimentos médicos, químicos e biomédicos e neles foram depositados toda a nossa confiança, não questionando aquilo que nos é indicado ou prescrito. Com isto perdemos a autonomia e a competência de avaliar aquilo que passa de necessário a exagero no nosso cotidiano, e perdemos também o controle daquilo que estamos consumindo, pois acreditamos que o exagero nada mais é do que o necessário. Torna-se uma alienação sobre o consumo e a posologia de medicamentos, queremos apenas o alívio, pelo modo mais fácil e rápido.

     “As pessoas tornaram-se condicionadas a obter em vez de fazer, a comprar em vez de criar: em saúde, não querem mais curar-se, mas serem curadas (Nogueira, 2003a)”
    
     Os fatores históricos são determinantes nas questões sociais que enfrentamos, isso em todo o momento de nossa história. Aquilo que é trazido do passado, nos influencia no presente. A inclusão e/ou implantação da cultura medicamentosa também foi passada ou ensinada como algo bom, como aquilo que surgiu para melhorar a vida das pessoas, por isto foi inserida tão fortemente para nós.
    
     “Um estilo de pensamento é um conjunto entrelaçado de tradição, valores, crenças metafísicas, modelos abstratos, representações simbólicas, métodos e exemplos de procedimentos, aprendidos por semelhança e iniciação ao modo tradicional (extracientífico), que os membros de um coletivo de pensamento compartilham para determinada ação, projeto ou interesse específico. (Tesser, 2006)”

O que podemos perceber hoje é que a cultura dos medicamentos acumulados nas casas de todas famílias e o uso abusivo de medicamentos prescritos ou não prescritos, tornou-se algo normal e aceitável pela maioria da sociedade, pois medicar-se associou-se a ter saúde, ou, a não ser portador de doenças. E sabemos que isto foge da realidade que esta situação significa.
Medicamentos em excesso não significam benefícios para a saúde, pelo contrário, estudos comprovam que o consumo de determinados medicamentos podem causar depência tanto física, quanto psíquica, devendo ser usados em períodos curtos ou quando forem necessários, o que é contrastante com a realidade que presenciamos hoje. Mais uma vez nos deparamos com uma sociedade que se medicaliza para fugir de problemas relacionados a vida:

            “Da mesma maneira, nenhum remédio resolve os problemas de vida de ninguém: os problemas conjugais, relacionais, sociais, afetivos, sexuais e carenciais, no trabalho, na escola, a timidez, a solidão, o orgulho, a autocomiseração, o egoísmo, a culpa... continuam as mesmas ou pioram. Bem usados, os calmantes e outros medicamentos psiquiátricos podem dar uma "força" inicial para que a pessoa resolva ou aceite e aprenda a conviver com seus problemas. Nunca nenhum remédio deve ser usado como fuga de problemas. Se existem problemas emocionais relacionados a fatos da vida, a ajuda de um psiquiatra e de um psicólogo experientes podem ajudar a pessoa a resolver suas questões internas.”

Será que a partir deste ponto podemos considerar que os medicamentos farmacológicos estão surgindo como uma possibilidade de fuga dos problemas encontrados em nosso cotidiano? Ou eles surgem como o meio mais fácil e rápido de obtermos resultados satisfatórios contra aquilo que nos incomoda?
Um fato que não pode ser negado é que nos dias hoje o aumento do consumo de fármacos é gritante e que a dependência (muitas vezes desnecessária) dos mesmos gera um ciclo altamente vicioso que atinge os indivíduos da nossa sociedade contemporânea.

A medicalização excessiva é um dos grandes males da saúde atual, responsável por um número fantástico de vítimas nas mais diversas especialidades médicas. E é surreal observar que estas pessoas ignoram estarem reféns do seu próprio tratamento.” (Bittencourt, 2008)

A medicalização pode ter se tornado um “tratamento” para os problemas que crescem junto com a sociedade? A realidade é que podemos perceber que estas questões estão caminhando conjuntamente: o uso abusivo de remédios com o crescimento e desenvolvimento do mundo capitalista/competitivo e com os problemas psicológicos que vêm atrelados a esta atual sociedade em que vivemos. Tudo isto pode estar colaborando para aquilo que hoje se torna algo alarmante e extremamente preocupante, pois põe em risco a saúde de todos aqueles que fazem o uso abusivo de remédios.

Abç... Patrícia ( Blog | Twitter )

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Feliz Ano Velho

E depois de tanto tempo, cá estou.
Pode parecer a mesma desculpa de sempre, mas realmente o final da graduação, os estágios e todos os relatórios estão quase levando embora minha sanidade mental. Quase.

Hoje vim até aqui pra indicar a leitura de um livro que terminei de ler nesta semana (confesso que a descoberta foi um pouco tardia, pois o livro foi lançado em 1982) que foi indicada por uma querida professora, orientadora de estágio.
O livro chama-se "Feliz Ano Velho", do autor Marcelo Rubens Paiva. Muitos já devem ter lido ou até ouvido falar. Mas super aconselho a leitura para aqueles que ainda não o conhecem.


O livro chegou até mim devido ao meu campo de estágio, onde atuo com deficientes físicos, atletas de um time de basquete sobre rodas. Quando entramos em contato com essa realidade, que muitas vezes está distante de nós, tudo começa a se transformar, principalmente nossas opiniões e visões. Marcelo sofreu um acidente aos 20 anos de idade, quando pulou em um lago e bateu a cabeça em uma pedra, quebrando a 5ª cervical (C5), que o deixou tetraplégico. O livro foi escrito 2 anos após o acidente, e Marcelo conta tudo aquilo que passou naquele momento, que foi de mudanças radicais em sua vida.
O livro é completamente envolvente pois o autor conta toda a sua história de aluno universitário, suas aventuras, suas músicas, tudo aquilo que faz um outro universitário se identificar também. O contraste de alguém super ativo, cheio de expectativas para o futuro e com planos interrompidos nos coloca numa posição de angústia e de uma intensa reflexão de nossa vida.
Mas atenção: cuidado para aqueles que são cheios de pudor, porque o livro é regado de palavrões!
Mas é impossível você não dar gargalhadas enquanto lê.

Adorei o livro, me senti dentro da história. A experiência, mesmo que seja apenas da leitura, de poder saber aquilo que acontece na vida de uma pessoa que sofre um acidente e descobre que nunca mais irá andar, nos faz olhar diferente para aqueles que por tanto tempo tratamos com diferença. Deficientes vivem, deficientes se divertem, deficientes têm problemas, deficientes são pessoas, iguais a todos nós mas com necessidades especiais.

Pra minha experiência não só acadêmica, mas de vida também, considero a leitura desse livro um grande aprendizado. A obra é classificada como "romance", mas eu particularmente a consideraria como algo muito mais do que isso, pois além dela ser romântica e nos envolver, ela te ensina que limites físicos não são limites de vida.

Alguns fatos relevantes:
- Marcelo Rubens Paiva escreveu alguns livros depois deste, já produziu e dirigiu peças de teatro. Inclusive esta obra teve adaptações para o teatro e para o cinema, em 1987.
- É filho do deputado federal Rubens Paiva, que desapareceu durante a ditadura militar e não teve sua morte confirmada. Até hoje seu corpo está desaparecido.
- Marcelo produz até hoje, e faz publicações para o jornal Estadão.

Dados do livro:
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Ano de publicação: 1982
Editora: O livro já foi publicado por várias editoras, e hoje em dia não está mais disponível. Porém, consegui a versão digitalizada neste link para quem tiver interesse.

Fica super a dica.
Abç... Patrícia. ( Blog | Twitter )

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Loom e um pouco de animação

Depois de muito tempo sem aparecer por aqui, trago um curta belíssimo, "Loom" (tear). O mais encantador nessa produção é a trilha advinda de um violoncecelo que acompanha o decorrer de suas cenas. O filme desencadeia-se através das ações de três personagens centrais, e, magicamente, nos surpreende. Uma senhora cadeirante, uma menina e um músico nos acolhem com ações e completam-se para que o curta aconteça, no doce tocar do violoncelo.

* Animador perceber a grande quantidade de formas que a animação pode aparecer, deixando bem claro, inclusive, o cunho livre que ela pode tomar. Temos dramas, comédias, romances, terror e outros e outros gêneros, o que quebra a ideia ultrapassada de que animação é coisa só de criança. O boom dos festivais de animação no Brasil e no mundo só reafirma a força desse tipo de produção. Dar vida à massinhas, fotografias, objetos gráficos e por ai vai, nos lembram o quão fabulosa pode ser a imaginação humana. Viva a animação, viva o cinema, viva a arte!



Méle Dornelas

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Só mais um Silva

Eu ia escrever sobre o disco do Pink Floyd "The Wall". Mas não, vou escrever quando voltar do show do Roger Waters! :D
Nos anos 90 nascia o Funk carioca, do modo como conhecemos (e muitos não gostariam de conhecer, mas, fazer o que?) hoje. A diferença é que naquela época o funk ainda estava sobre uma influência muito maior do rap e de sua filosofia de crítica social. Era quase um rap com batida Miami Bass. Nem tudo era MC Serginho, Mr. Catra e Valeska Popozuda.
Em 96, o MC Bob Rum ficaria conhecido em todo território nacional através de um disco com vários funks e raps, o Rap Brasil. A música era Rap do Silva, a história de um Silva, pai de família, um cara maneiro, mas que sem qualquer explicação... Não vou fazer spoiler da música.
Em 2009 o grupo feminino de MPB, vencedoras do prêmio Tim de música, Chicas, gravaram também esse clássico do funk. Com um arranjo impecável e vozes quase angelicais, a música é simplesmente apaixonante.



Até do funk nasce boas obras. Assim brilhou a estrela do Silva.

* Agradecimento ao Tomaz que lembrou dessa música.
* Eu vou pro show do Roger Waters. To meio nas nuvens com isso ainda. E bem na frente ainda... Vai ser FODA!
* Uma boa produção transforma a música, né?


@proparoxitono

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Perito Moreno



A primeira coisa que eu pensei quando eu vi essa paisagem foi "como ainda insistem em destruir o planeta?"
por @belamello 
mais fotos aqui!

Há 09 Anos, O Brasil Testemunhou a Vitória da Classe Trabalhadora Brasileira.

De fato, foi um fato histórico e esperado por milhões de brasileiros. Ver o ex-metalúrgico de São Bernardo, filho de nordestinos, sindicalista, fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) como presidente da república era um sonho que movia a esperança de muita gente, em todas as regiões brasileiras.

E foi no dia 27 de outubro de 2002, ou seja, há nove anos atrás, que essa realidade foi concretizada. Luis Inácio "Lula" da Silva foi eleito após uma grande disputa contra o candidato José Serra que era apoiado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Após três derrotas eleitorais, Lula acumulou uma vasta experiência para ganhar as eleições; ampliou a base de partidos aliados à sua candidatura, moderou o discurso e foi às ruas dialogar com o povo brasileiro.

A vitória de Lula nessas eleições representa um grande marco na história republicana do país, uma vez que, mesmo não havendo uma ruptura geral na política econômica (fato que muitos setores temíam devido ao histórico sindicalista de Lula), o novo presidente tratou de incorporar na ordem do dia, a necessidade do desenvolvimento social em paralelo ao desenvolvimento econômico. O sucesso e aprovação do seu governo foi notório, pois, mesmo depois de alguns escândalos políticos envolvendo casos de corrupções nos ministérios, o presidente foi reeleito em 2006 e em 2010 conseguiu eleger a sua candidata, a atual presidenta, Dilma Roussef, como a primeira mulher a governar o Brasil.

Veja o Primeiro Discurso de Lula Após a Vitória em 2002:

Bem, eu quero dizer a todos vocês que amanhã, por volta da meio-dia, nós iremos fazer uma coletiva, onde eu irei fazer um pronunciamento. Hoje é apenas alguns agradecimentos.


Primeiro, eu quero dar parabéns ao povo brasileiro pelo extraordinário espetáculo de democracia que ele deu no dia 27 de outubro de 2002, escolhendo o seu presidente da República e seus governadores.


Segundo, eu queria agradecer e cumprimentar o comportamento das autoridades que cuidaram do processo eleitoral, pelo Tribunal Superior Eleitoral e o seu presidente, Nelson Jobim. Meus agradecimentos ao presidente Fernando Henrique Cardoso pelo fato de ter anunciado à sociedade brasileira que possivelmente tenhamos a mais sensata e a mais democrática transição já vista no nosso país.


Quero agradecer aos milhões e milhões de homens, mulheres e adolescentes que votaram em mim e no companheiros José Alencar e agradecer aos milhões e milhões de homens, mulheres e adolescentes que votaram no meu adversário, que se abstiveram de votar, porque eu acho que essa atitude, esse comportamento do povo é o que consolida a democracia no nosso país.


Quero dizer para vocês que esse resultado eleitoral me obriga a afirmar a todos vocês que, embora tenha sido eleito pelo meu partido e pelos aliados do PC do B, do PL, do PCB e do PMN, a partir do dia 1º de janeiro, eu serei presidente de 175 milhões de brasileiros.


Queria dizer para vocês que a responsabilidade de governar é muito grande. Eu e minha equipe iremos governar esse país, mas não seria exagero dizer pra vocês que apenas um presidente, o seu vice e a nossa equipe não será suficiente para que a gente governe o Brasil com os seus problemas, portanto nós vamos convocar toda a sociedade brasileira, todos os homens e mulheres de bem desse país, todos os empresários, todo os sindicalistas, todos os intelectuais, todos os trabalhadores rurais, toda a sociedade brasileira, enfim, para que a gente possa construir um país mais justo, mais fraterno e mais solidário.


Por último, eu quero me dirigir à comunidade internacional. Acho que o Brasil pode jogar um papel extraordinário nesse continente americano, para que possamos construir um mundo efetivamente de paz, onde os países possam crescer economicamente e possam crescer do ponto de vista social para todo o seu povo. E farei o que estiver ao alcance do presidente da República do Brasil para que a paz seja uma conquista definitiva do nosso continente.


Quero dizer ao meu querido companheiro Genoino que você não perdeu a eleição, porque você não era governador, você apenas deixou de ganhar.


Mas você vai perceber, meu companheiro Genoino, que, se você souber tirar proveito, uma derrota vai te deixar muito mais maduro, muito mais preparado e muito mais perto da próxima vitória. Para quem veio de Quixeramobim, ter 40 e poucos porcento de votos em São Paulo. Você, Genoino, foi um dos candidatos mais brilhantes que eu conheci. Se todo mundo tivesse o seu bom humor e a sua vontade, meu caro, o Brasil seria infinitamente melhor.


Eu quero aqui agradecer à minha companheira Benedita da Silva. A Benedita que, convencida pelo Zé Dirceu e por mim, foi cumprir um mandato de nove meses, numa situação extremamente difícil. Eu não tenho dúvida nenhuma que a Benedita fez o que era possível fazer no período que ela fez. Eu quero aproveitar e dizer aqui para vocês que o que mais me incentivou a convencer a Benedita a assumir o governo do Rio foi o fato de ela ser negra. E ela assumir o governo do Rio de Janeiro foi a maior conquista dos negros depois da libertação dos escravos neste país.


Por fim, eu quero dizer pra vocês que o Brasil está mudando em paz. E, mais importante, a esperança venceu o medo. E hoje eu posso dizer para vocês que o Brasil votou sem medo de ser feliz.


Por último, eu quero agradecer essa extraordinária figura. Eu não vou elogiar os meus dirigentes, que estão aí. Já conversei com meu adversário, José Serra, recebi um telefonema dele agora pouco. Já conversei com muitas outras pessoas pelo país afora. Já agradeci em púlbico à minha mulher durante muito tempo, durante a campanha. Mas acho que esse companheiro aqui não foi a única mas foi uma das coisas mais extraordinárias que aconteceram nessa campanha de 2002. Zé Alencar e eu não vamos ser um presidente e um vice. Nós vamos ser parceiros nos bons e nos maus momentos, vamos ser companheiros. E vocês sabem que, quando eu falo companheiro, falo companhiro com uma coisa muito forte no coração, porque nem todo irmão é um grande companheiro, mas todo companheiro é um grande irmão. E você é um grande companheiro, meu querido Zé Alencar.


É que eu não posso ficar com o microfone que eu tenho vontade de falar. Nós vamos ter que ir para a avenida Paulista, tem muita gente lá. Amanhã nós vamos ter uma coletiva, mas... que vou fazer um pronunciamento. Eu ainda tenho que cumprimentar algumas delegações de estrangeiros que estão aí.


Quero agradecer do fundo da minha alma a todos os companheiros que no primeiro turno e no segundo turno trabalharam de forma incansável. Quero agradecer à direção do meu partido e a direção dos partidos aliados. Quero dizer que sem vocês eu não seria o Lulinha paz e amor dessa campanha. Muito obrigado.


Veja Alguns Vídeos da Saga Eleitoral de Lula:












A crise no São Paulo.


O São Paulo se destacou em sua história recente por ganhar muitos títulos. Estaduais, nacionais, internacionais... o clube vem se consolidando, desde 2005, como o melhor time do Brasil. Até 2008 tudo ocorreu bem. Mas a partir do início de 2009, o Tricolor deu início a uma queda em seu rendimento, que até hoje, não cessou. Na última quarta-feira, 26 de Outubro, o clube foi eliminado da terceira competição no ano(Sul-Americana), e ficou evidente que há uma crise interna no clube, causada, provavelmente, pela interferência do presidente Tricolor, Juvenal Juvêncio(o JJ), no time(e algumas vezes até dentro de campo). Na útima segunda-feira, foi contratado o 3° técnico da temporada, o explosivo Émerson Leão, que há um ano estava parado. Leão foi contratado com a missão de fazer o que, antes era obrigação, mas agora é dúvida; ou seja: classificação para a Libertadores 2012. Mas o time, que ''precisava de um choque'', como disse JJ, se mostrou o mesmo do ano todo, ontem, em solo paraguaio. E muitos começaram a questionar: até que ponto JJ e a diretoria interferem no rendimento dos jogadores dentro de campo?


Leão: chegou para acordar o time.

''Administração diferente, marketing diferente, futebol diferente. O São Paulo é um clube diferenciado dos demais''. Esta frase, dita pelo então presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, ficou famosa. No auge das conquistas, em 2007, onde o clube já acumulava uma Libertadores(2005), um Mundial Interclubes(2005), e os Brasileiros de 2006 e 2007, o São Paulo era realmente um clube diferente. Apenas o Internacional poderia peitar o São Paulo, dentro do Brasil. Mas até 2008, o São Paulo reinou soberano no Brasil. O que poderia então acabar com essa hegemonia? A obsessão pela Libertadores. JJ queria mais do que tudo a conquista do título continental, mas Muricy Ramalho parecia patinar quando o assunto era mata-mata. E assim, o São Paulo foi eliminado em 2006(final), 2007(oitavas), 2008(quartas) e 2009(quartas) na Libertadores, sempre por clubes brasileiros. JJ então, não teve dúvidas: demitiu o técnico tricampeão brasileiro pelo Tricolor. E aí o São Paulo começou a descer a ladeira.

Muricy: Juvenal demitiu o ''Rei do Brasileirão''.

Com ''contratações cirúrgicas''(que mais pareciam pacotões de reforços aleatórios), rixas com presidentes rivais(Andrés Sanchez) e com CBF, por causa da questão Copa no Morumbi, o São Paulo foi se isolando cada vez mais dos outros clubes, graças ao JJ. Como se não bastasse, Juvenal ainda venceu as eleições do clube no ano passado, e hoje cumpre seu terceiro mandato como presidente do São Paulo. Mas a interferência do cartola dentro de campo parece ter chegado a um ponto sem volta. Como no caso de Rivaldo, em que JJ o contratou, o jogador derrubou dois técnicos, e com a chegada de Leão, foi barrado no elenco(e ao que tudo indica, com o apoio da diretoria). A crise política dentro do São Paulo, assim como a do Palmeiras, afeta o rendimento dos jogadores dentro de campo. E estes, mesmo ganhando bem, e sendo pagos para jogar futebol, não conseguem se concentrar em suas responsabilidades. Ainda mais no São Paulo, com um jogador com mais de 20 anos de clube, como Rogério Ceni, que é um líder dentro do elenco, e conta com o apoio de todos os jogadores.

Aposta da diretoria, até agora não jogou o esperado.

Todos achavam que o problema do São Paulo era o elenco(hoje o clube conta com um dos melhores, se não o melhor elenco do país, com reservas que poderiam ser titulares em qualquer clube do Brasil). Com o bom elenco, a culpa caiu no treinador(dois treinadores se foram, e o time continua com o mesmo futebol apático que vem apresentando desde o começo do ano). Agora todos se viram para onde está o verdadeiro problema: na diretoria, e na gestão de Juvenal Juvêncio. Com certeza, Juvenal Juvêncio usaria a frase-logo do Barcelona para expressar o ''seu São Paulo'': Mais que um clube. Mas hoje, o São Paulo é o contrário: Um clube a mais.

Juvenal Juvêncio, o JJ.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Carnaval Boliviano

















por @belamello
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Talking About My Generation

Still Alive! Os anos 80 e essa Zine.

Quem nasceu nos anos 80 (no caso, eu nasci quase no final da década, mas ainda carrego o sangue da última boa geração), aquele tempo que merthiolate ardia e moldou a nossa geração com seu efeito quase pedagógico, certamente lembra dessas músicas. Principalmente o público masculino. Músicas que moldaram nossa infância e nosso caráter.

1. Abertura do Cavaleiros do Zodíaco (de 1994):


Fala sério, até hoje não inventaram anime melhor. Aquele tempo era quase obrigatório o garoto assistir na velha e falecida manchete PELO MENOS o Cavaleiros do Zodíaco.

2. Abertura do Cavaleiros do Zodíaco (de 2004)




O principal público da reprise, na band em 2004, desse anime com certeza foram os fãs que assistiam em 1994. Eu não conheço ninguém que assistia em 94 que não sabe cantar a música dessa abertura também, gravada pelo Edu Falaschi (vocalista do Angra).

3. Abertura do Dragon Ball Z


Eu não conheço uma pessoa com menos de 28 anos que não saiba quem é Goku. Sério.

4. Abertura do Pokemon


Eu sabia o nome dos 150 pokemons originais. Foi pra 152, eu acompanhei. Quando passou dos 200 eu parei. Mas no começo era bom. Não é a toa que o vídeo mais visto no youtube foi justamente dessa música (depois teve um problema com direitos autorais, e foi retirado do ar, por isso não ta mais no pódium oficial do youtube)

5. Chaves - Que bonita sua roupa





Quem não chorou quando o Chaves foi embora da vila, por ser acusado dos crimes do Sr. Furtado, não tem coração.

* Acho Cavaleiros do Zodíaco melhor que Dragon Ball, que é melhor que Pokemon, embora na época esse último tenha me causado mais fissura.
* Naruto e Bleach são legais, bem melhor produzidos e bem menos infantis que CDZ e DBZ, mas falta um pouco do feeling que eles tinham.
* Eu fui em 2 shows do Angra e o público implorava pela música do CDZ. Em nenhum dos dois tocou, sacanagem.
* O Murilo Gun, apresentando-se no Comedy Central do canal VH1, apresentado pelo Danilo Gentilli, falou muito bem do efeito pedagógico do merthiolate, mas não achei no youtube.

@proparoxitono

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Grandes momentos

Certas coisas nós vamos contar para nossos netos.

Stevie Wonder(ful) nunca seria um nome muito cotado para um festival que (teoricamente) deveria ser de rock. Porém ele veio, não viu, mas venceu. Com o perdão da piada extremamente infame sobre sua cegueira, ele proporcionou o momento mais incrível do Rock in Rio.
Talvez por ele não poder ver, ele quis ouvir a platéia gigante que estava lá em baixo, e o fez de maneira genial. O maior clássico brasileiro reconhecido fora do país, a obra prima de Tom Jobim, cantada por 100 mil brasileiros.



Seguida de outro clássico, do grande Toquinho. Foi o único momento do Rock in Rio que foi visto mais a influência brasileira lá fora do que a influência lá de fora aqui no Brasil.
Foi o show da platéia para o artista. Algo tão grande, que daqui 100 anos, em algum blog ou seja lá como será, alguém vai escrever sobre isso e lembrar de quando o público brasileiro fez um show maior que o do artista que estava lá em cima.

* Eu ainda acho que o show completo do Metallica foi melhor. Mas esse foi com certeza, o grande MOMENTO do Rock in Rio.

@proparoxitono

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Marque uma consulta e surpreenda sua parceira

 Sim, eu ainda sou blogueiro em Pasárgada!

Passei um tempo longe de vocês (sei que morreram de saudades), por conta de um momento difícil (superado!). Desculpem a ausência de... (prefiro nem calcular quanto tempo!). E vamos ao que interessa!

Querido leitor, querida leitora, como vai sua vida sexual?

Você já deve ter visto na televisão o comercial de uma famosa clínica especializada no atendimento a homens com problema de ereção e ejaculação precoce. Ao final do comercial, eles sempre dizem: “Marque uma consulta e surpreenda sua parceira!” Essa pequena frase me trouxe uma série de reflexões, e partilho algumas delas com vocês:




1. Quem é o sujeito que o comercial quer atingir? A resposta óbvia seria: homens com problemas de ereção / ejaculação precoce. Mas a questão é mais ampla.

2. O sujeito do comercial é um homem que não fala sobre sexualidade com sua parceira. A frase que destaquei prova isso. Ele marcará uma consulta escondido. Lá dentro farão alguma mágica e, quando ele chegar em casa, surpreenderá sua parceira! Incrível!

3. O comercial traz ainda as seguintes garantias ao cliente: Confidencialidade / Privacidade / Salas de espera individuais / Diagnóstico em UMA consulta. Fiquei imaginando, de fato, se oferecessem uma sala de espera única. Vários rapazes ali sentados, olhando um para a cara do outro, e pensando: “Será que esse tem problemas de ereção ou de ejaculação precoce? E esse outro?” E vejam: o diagnóstico sai na hora! Basta uma consulta. Então o problema não deve ser tão grave assim, não é mesmo?

4. Por que este homem não fala de sexualidade com sua parceira? Bem, e você fala sobre sexualidade com quem? A sociedade exige do MACHO aquela postura de herói, sex machine. Ser garanhão, mulherengo, “pegar todas”, ter um desempenho sexual perfeito e infalível são sinônimos de masculinidade, virilidade, de “ser homem”. Essa associação, masculinidade-ereção, é um tanto equivocada e causadora de sofrimentos.

5. Sei que relações sexuais não acontecem apenas dentro de relacionamentos estáveis, é óbvio. Mas vamos falar sobre essa modalidade de parceria sexual, seja em um compromisso ou não. É aí que eu lamento a falta de diálogo. Que pena que não se costuma falar sobre sexo: apenas se faz ou não se faz. E pior ainda em um casamento, em um dito relacionamento que tende a ser duradouro. Que pena que não se fala sobre sexo, que não se partilham preferências e dificuldades, e justamente com a pessoa que se escolhe para dividir uma vida.

Minhas reflexões iriam mais longe, mas deixa pra semana que vem! Finalizo apenas com os comentários:
- HOMENS, falem sobre sexo com suas parceiras! Essa sim é a melhor maneira de se surpreender!
- HOMENS E MULHERES, concordem, discordem, mas COMENTEM!

Beijo nas crianças!

Palmeiras: time grande até quando?



Quando dizem ''clube grande'', normalmente pensamos em times que sempre brigam por títulos, se acostumaram a estar no topo da tabela, e com grandes jogadores no elenco. Mas ultimamente, é possível observar uma nova modalidade de clube grande: aquele que só tem história, e não tem presente. O maior exemplo disso é o Palmeiras. O Verdão, que chegou a ser considerado o ''Clube do Século XX'', não ganha um título a nível nacional há mais de 10 anos. Pior: O número de torcedores caiu, em relação à década passada, segundo levantamento feito no ano passado. Acostumado a disputar grandes torneios, sempre com grandes equipes, o Palmeiras não soube se modernizar, e por uma série de fatores(torcida impaciente, diretoria que expõe demais os jogadores, estes, por sua vez, com altos salários e baixo rendimento), o clube vive um momento decadente, e luta para não se tornar, uma ''nova Portuguesa'', ou seja: clube grande da capital que só tem história, mas atua como time pequeno.

Esta má fase do Palmeiras não é de hoje. Os mais velhos podem se lembrar com mais facilidade que, o último grande título do Palmeiras foi em 1999, com a conquista da Copa Libertadores da América. No ano seguinte, o vice-campeonato do mesmo torneio. O que era pra ser a continuação de um grande momento vivido pelo clube, se tornou um dos piores, se não o pior momento da história do Verdão: o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2002, com um time que contava com o recém-campeão mundial Marcos, o paraguaio Arce(um dos melhores cobradores de falta da história do futebol), o volante Galeano, entre outros craques. Em 2003, a disputa da série B fez com que o clube caísse um pouco na realidade: se não mudassem a forma com que administram o clube, viveriam mais momentos decadentes, como a passagem pela Série B. Um período regular em 2004 e 2005. E em 2006, com a volta do ''Animal'' Edmundo, novo patrocínio da Adidas, e mais dinheiro dentro do clube, todos os torcedores pensaram: ''agora vai!''. Mas não foi. O Palmeiras decepcionou na Libertadores de 2006 e 2007, e perdeu diversos jogadores importantes do elenco.


Libertadores 99: Palmeiras campeão com Felipão

Tudo estava prestes a mudar em 2009, quando assumiu a presidência do clube o economista Luíz Gonzaga Beluzzo, homem centrado, que tinha tudo para fazer com que o Palmeires voltasse a ser realmente um time grande. Mas não fez. Belluzzo se mostrou um homem despreparado para presidir um clube do porte do Palmeiras. Fez grandes contratações, torrou o dinheiro do clube, e teve de renovar com todos os jogadores do elenco, quando disse que ninguém sairia para a Europa no meio do ano. O resultado foi um dos maiores vexames da história do Campeonato Brasileiro: O Palmeiras, que havia liderado quase toda a competição, ficou em 5° no final, e nem vaga para a Libertadores do ano seguinte conseguiu. Problema resolvido? Não. Ainda houve o caso de agressão ao atacante Vágner Love por parte da torcida, o que intimidou possíveis contratações do clube para o ano seguinte. Além disso, restaram os ''elefantes brancos'' dentro do elenco: jogadores caros, que não tinham mais clima para estar no clube, como Diego Souza, e o técnico Muricy Ramalho. O Palmeiras estava em declínio.

Muricy: não obteve resultados no Verdão

Esta semana, houve mais um caso de agressão. Desta vez, a torcida resolveu tirar satisfações do volante reserva João Vitor. Sobrou para o garoto de 23 anos, que apanhou de torcedores(ou terroristas disfarçados de torcedores, como costuma brincar Tiago Leifert), insatisfeitos com o desempenho do clube. E estes, somados à diretoria do clube, que insiste em expôr tudo o que se passa dentro do clube. O resultado é vísivel: o clube simplesmente não consegue ganhar dentro de campo, mesmo com um dos melhores técnicos do país, e perde jogadores importantíssimos, como Kléber, pelo fato de não saber controlar a língua de seus dirigentes.

João Vitor: mais um agredido pela torcida

Na contramão disso tudo, temos o bom momento vivido pelos clubes do Rio: Botafogo, Vasco, Flamengo e Fluminense. Todos estão entre os 6 primeiros, com jogadores que tem feito a diferença dentro de campo, mas sem tanto nome(com exceção de Ronaldinho e cia), o que representa uma folha salarial média. Ou seja: gasta-se o normal, e o time vai bem dentro de campo.

Santistas estão felizes com a conquista da Libertadores desse ano, e com Neymar e Ganso. Corinthianos estão satisfeitos com o time disputando o Campeonato Brasileiro todos os anos. São-Paulinos estão acostumados a ter grandes jogadores no time, este sempre disputando posições na parte de cima da tabela. E os Palmeirenses?

por: Leonardo Lopes(@leoglopes)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Problema do Sr. Rosas

Olha, ele voltou!

O Rock/Pop in Rio acabou. Foi melhor que o esperado, teve muita coisa boa, muita coisa ruim, muita coisa péssima e o Guns'n Roses.
O que se viu no último show do festival foi uma banda desconstituída com um vocalista acabado, arrogante, desafinado e sobrevivendo da própria lenda. Atrasado como sempre, o Sr. Axl Roses deu a impressão de já entrar no palco cansado e sem folego. Não conseguiu cantar como cantava nem ter a presença de palco que tinha. Claro, isso acontece com todo mundo, aos 49 anos já não tem a mesma disposição dos seus 25, por isso que inventaram um lindo instituto chamado "aposentadoria".
Mas a idade é o menor dos problemas do Axl. James Hetfield, vocalista do Metallica, aos 48, apenas um a menos que o Axl, fez o melhor show do festival. Lemmy, vocalista e baixista do Motorhead, já conta com seus 65 anos e não passa vergonha. O problema não é a idade, mas a clara falta de vontade que se via no show. Todos os outros integrantes tentaram fazer uma apresentação digna da sua posição no festival, mas não Axl. O show já começou mais atrasado que o esperado (até porque nunca se viu um show do Guns que o Axl não tenha atrasado muito), quando começou, não se via quase nenhuma interação com o público. Quando tocaram a clássica Patience, eu quase chorei - não porque a música é bonita, mas pela cara de tristeza e desanimo que Sr. Roses estava.
Eu nunca fui o maior fã de Guns do mundo, mas vou deixar aqui as palavras de @javierfreitas, um ex-gunner:

"YOU KNOW WHERE YOU ARE, AXL?


O show do Guns N’ Roses de ontem no Rock In Rio foi uma verdadeira demonstração de como a vida pode ser. Como? Simples! Algumas pessoas podem estar cada vez mais decadentes, não passarem de uma sombra do que costumavam ser, mas ainda mantêm-se em um pedestal de orgulho e arrogância e com o ego sempre lustrado, brilhando.

Algumas dessas pessoas não deram a sorte de ser o Axl Rose, alguém consagrado dentro de algum ramo, no caso de Axl, o do Rock N’ Roll. Mas nem mesmo Axl Rose, com toda a bagagem que tem dentro do rock, não conseguiu convencer, pelo menos não ontem.

O Guns N’ Roses tinha tudo pra fazer o melhor show deste Rock In Rio. Era headliner do dia do encerramento e era tida como a principal atração do festival.

Horas antes, a assessoria do festival divulgou um suposto setlist; com nada menos do que 39 (sim, trinta e nove!) faixas. Antes disso, Axl chegou em um vôo fretado ao Rio de Janeiro, no dia do show, pois havia conseguido a proeza de perder seu avião. O restante da banda já estava no Rio, pois tinha vindo em vôo comercial.

No palco, vestido com uma capa de chuva ao melhor estilo Inspetor Bugiganga, diga-se de passagem; Axl não arriscava movimentos bruscos, não fazia suas tradicionais dancinhas e nem dava seus longos piques pelo palco. A suposta falta de forma física não era desculpa, pois no mesmo Rock In Rio há exatos dez anos atrás, quando Axl já voltava depois de um longo período de hibernação, estava claramente mais gordo do que aparentava estar ontem, e mesmo assim não desistiu de tentar dar um grande show para o publico que ali estava.

A chuva torrencial que caia na Cidade do Rock inundou o palco, o que talvez tenha sido o real motivo da apatia de Axl Rose. Mas por outro lado, algo parecia incomodar o frontman do Guns N’ Roses.

Porque mesmo com o palco virado em uma piscina, os membros da banda não deixaram a desejar em presença, sobretudo os carismáticos guitarristas DJ Ashba e Richard Fortus que tentavam a todo custo, animar o publico e vez ou outra obtinham sucesso, assim como o baterista Frank Ferrer, que religiosamente quase que ao fim de cada musica, puxava o coro de “Guns N’ Roses” no seu bumbo.

Aliás, perto do final do show, quando a banda tocava a clássica Nightrain, do Appetite for Destruction, Ashba foi de encontro ao publico e na volta ao palco mandou sua guitarra ao chão e arremessou-a para longe. Provavelmente tenha sido o momento efetivamente, mais rock n’ roll da apresentação da banda.

Mas por outro lado, os tecladistas Chris Pittman e Dizzy Reed mantiveram-se tal como o Axl Rose, estando ali por obrigação, jogando pra cumprir tabela, além do baixista Tommy Stinson, que de tão apático, e também pelo seu jeito “indie-comportadinho” de se vestir, parecia que tinha saído do Radiohead para estar ali.

Axl entrou ao palco com mais de duas horas de atraso. Se Rihanna que chegou esses dias no mainstream se deu ao luxo de atrasar uma hora, por que Axl Rose, que é mais “diva” do que ela e levou 15 anos pra lançar um disco, atrasaria menos do que isso?

Mas se quem estava lá, esperava uma apresentação apoteótica, pode ter certeza de que saiu frustrado. Axl não conseguia alcançar as notas mais altas de seus agudos que, costumavam ser estridentes, ao ponto de doer os ouvidos. Nos graves, ele ainda vai bem, como foi visto em musicas como It’s So Easy e Knockin’on Heaven’s Door.

Uma das grandes surpresas do show foi a execução da épica e longa Estranged, de quase 10 minutos, que não era tocada ao vivo desde 1993, quando Slash e Cia ainda estavam na banda. E pasmem vocês, mas Axl não errou a letra. Pelo menos não aqui, mas por outro lado; cometeu erros infantis em November Rain e mandou um assovio todo desengonçado em Patience.

Por fim, a banda mandou Paradise City, com um Axl arriscando algumas rodadas com o pedestal na mão. Porém, naquela altura do show, já era tarde.

Aliás, a julgar pela apresentação de ontem, salvando-se a banda, que tecnicamente é muito boa e em nada fica devendo para a formação original, já está tarde pro Axl e não é de hoje."

Axl tem 3 possibilidades hoje: Ele pode continuar do jeito que ta e ficar conhecido na história como o homem que fez muito quando jovem e terminou a vida decadente; tentar entrar de novo em forma pra ter fôlego pra um show inteiro e dar um jeito de recuperar a sua afinação; ou aposentadoria, o que seria o mais lógico e sensato.



* Não acho que a atual banda se compare com a clássica. Falta feeling.
* O problema não é apenas as apresentações ao vivo. O último disco da banda, o Chinese Democracy, que levou 15 anos pra ser lançado, é digno do atual status do Axl.
* O melhor show do RiR foi do Metallica, e o melhor momento foi o público do Steve Wonder cantando Garota de Ipanema.
* O Serj do System of a Down tem a presença de palco que eu tinha, quando interpretava árvores nos teatros da escola.
* Desculpem pelas últimas semanas. Trabalho, Tcc e Rock in Rio na televisão me impediram. Ta facio pa ninguem.