De 8 a 18 de dezembro, acontece o Mundial Interclubes da Fifa, torneio que reúne os campeões de seus respectivos campeonatos continentais. Antigamente, o torneio reunia apenas o campeão euroupeu e o campeão sul-americano, mas para fazer o politicamente correto (e também para abrir as portas a clubes bancados por magnatas do petróleo, caso do Al-Sadd, do Catar), desde 2005 clubes de todos os continentes participam do torneio, o que não significa que todos saibam que a final será entre um sul-americano e um europeu (ainda acredito que o Internacional só perdeu para o Mazembe em 2010 pois entrou com a cabeça já na final, e esqueceu de jogar bola na semi-final), muito superiores tecnicamente aos demais clubes. Algumas pessoas reclamam que a semi-final dá menos tempo de preparação aos atletas, que tem de se acostumar ao fuso-horário do Japão. Mas as semi-finais tem um ponto positivo: permitem ao adversário analisar tecnicamente e taticamente o possível rival da final, mesmo eles não jogando 100% de seu futebol nas semi.
E o Santos estreou com vitória ontem sobre os nove japoneses e dois brasileiros do Kashwa Reysol, do Japão. Com gols de Neymar, Borges e Danilo, o alvinegro praiano tomou leve pressão no final do jogo, e mesmo sofrendo um gol no segundo tempo, o Santos se manteu sempre superior ao Kashiwa. Porém, surgiram comentários de que ''se o Santos jogar dessa maneira contra o Barcelona na final, vai perder de goleada''. É óbvio que existem pontos a serem melhorados na equipe de Muricy Ramalho. O Santos teve menos posse de bola do que o Kashiwa, dado preocupante, pois desde março de 2008, o Barcelona não perde na posse de bola para um adversário em um jogo. Muricy sabe que é impossível seu time ter mais posse de bola que o Barcelona. Mas se não melhorar nesse quesito, as chances de um milagre ocorrer no domingo diminuem drasticamente. Outro ponto que deve ser revisto é a ligação entre meio-campo e ataque santista. Ganso e Elano, responsáveis por esse quesito, fizeram boa partida na terça, mas precisam melhorar, e em hipótese alguma errar passes, se quiserem fazer história no domingo. Já Neymar... esse não precisa de comentários. Sua função no campo é fazer a equipe funcionar, assim como ajudou (e muito) o Santos contra os japoneses, ora buscando o jogo no meio-campo, hora atuando como um ponta que puxava a marcação para onde ele fosse.
Neymar, jogando como ponta esquerda, marcou o primeiro gol da vitória santista pelo meio, e de perna esquerda.
Já o Barcelona mostrou seu mesmo futebol de sempre, ou seja: deu show, mostrou um entrosamento espetacular, e ainda garantiu a goleada sobre o Al-Sadd, do Catar. Isso com o time misto, já que jogou sem o seu melhor zagueiro (e um dos melhores do mundo), Piqué; sem um dos melhores apoiadores do mundo, Daniel Alves; e sem o melhor articulador do mundo (sem sombra de dúvidas), Xavi. Ou seja: o Santos vai ter de ralar, suar a camisa, mostrar raça, e acima de tudo, ser inteligente taticamente para parar o ''El Carrossel'' de Pep Guardiola, e fazer história no domingo.
Barcelona, mesmo com time misto, deu show e aplicou goleada sobre o Al-Sadd, do Catar.
O Barcelona atual joga em um 3-4-3, em função da tática do adversário, já que hoje o 4-2-3-1 é o esquema mais usado mundialmente. Puyol marca o ponta direita, e não sobe para apoiar, deixando o jogador ''inútil'' na marcação, assim como faz Abidal, este com mais liberdade, na esquerda. Piqué é o líbero e marca o centroavante; Flutuando entre os zagueiros, fica Sérgio Busquets, que pega a sobra e por vezes marca o armador adversário. Daniel Alves atua como um ala direito, não deixando o lateral adversário apoiar e ajudando (e muito) no ataque pelo lado direito. Pelo meio, Xavi articula todas as jogadas do time da Catalunha, armando, passando, cruzando, e deixando, por diversas vezes, os atacantes na cara do gol. Depois de Messi, é o jogador com quem o Santos deve tomar mais cuidado. Na esquerda, Iniesta faz o misto das funções de Daniel Alves e Xavi, ou seja: arma, passa, cruza, marca, e ainda finaliza, aparecendo como elemento surpresa lá na frente; Mais adiante, Cèsc Fábregas faz a função de armador clássico, e aparece de surpresa na frente constantemente para finalizar; e finalmente, Messi, que joga por ora na ponta direita, por ora como armador e até mesmo como ''falso ponta-de-lança'', vindo buscar o jogo entre os meias para conduzir a bola até o ataque, dando espaço para Iniesta e Fábregas aparecerem na grande área. Um outro detalhe importante de ''La Pulga'', é que ele é um gênio. Marcação individual dificilmente resolverá, e Muricy precisa encontrar um jeito de marcá-lo por zona, mas sempre com alguém na cola de Messi, para atrapalhar a vida do baixinho. Na esquerda, Pedro (ou Alexis Sánchez) faz a função de ponta, e por diversas vezes, aparece para finalizar na área como um centroavante. Fica o comentário de que o Barça joga como um carrossel, fazendo a bola rodar entre seus jogadores, que não tem posição fixa. O Santos perde o jogo se ficar assistindo ao Barça jogar, prazer que fica reservado para nós, espectadores.
Prévia do jogo tático que acontecerá domingo entre Santos x Barcelona.
Já o Santos joga em um típico 4-4-2, parecido com o que Dunga usou na Copa do Mundo de 2010, no comando do Brasil. A defesa conta com Danilo, que marca corretamente e apoia muito bem, Edu Dracena e Bruno Rodrigo, um zagueiro clássico e um rápido, respectivamente, e Durval na lateral esquerda, fazendo uma espécie de terceiro zagueiro. Como volante fixo, Henrique, que também sabe sair para o jogo. Arouca ajuda na marcação e ajuda na ligação entre defesa e ataque, função parecida com a de Felipe Melo no time de Dunga; Elano cumpre a mesma função em que jogou na Copa de 2010, apoiando, articulando, e também ajudando na marcação do time. Já Ganso é um meia clássico, camisa 10 em falta no futebol brasileiro, que articula, passa, chuta, organiza o time, e faz o último passe, aquele que deixa o atacante na cara do gol. Neymar atua em função mais ou menos parecida com a de Messi, só que pela esquerda. Ele por ora joga como um ponta, que puxa a marcação pela lateral e também pelo meio; também joga invertendo os flancos, o que confunde a marcação do time adversário; e assim como La Pulga, joga buscando o jogo no meio, solto no setor de meio-de-campo, para conduzir a bola até o ataque, abrindo espaço para os meias apoiarem e aparecerem no ataque. Borges joga como um típico camisa 9, fazendo o pivô e chutando (muito bem) de fora da área.
Resumindo, o Santos não terá vida fácil. Muricy precisa encontrar uma maneira de fazer o Santos chegar até o ataque, e não ficar refém de Neymar. Um gol no começo seria muito bom, assim como fez o São Paulo em 2005, contra o Liverpool. Se o Santos aproximar as linhas defensivas, marcar compactamente, errar poucos passes, aproveitar as chances, e tiver um pouco de sorte, consegue fazer história no domingo. Não só pelo fato de ganhar o primeiro mundial após a era Pelé e também por conseguir vencer o melhor time do Barcelona de todos os tempos, fato que nem Mourinho, um dos melhores técnicos do mundo, juntamente com Guardiola, e o melhor no quesito tático, com o seu poderoso Real Madrid não conseguiu no sábado, em casa, pela Liga Espanhola. Mas sim por coroar uma geração de garotos, liderada por Neymar, que pode se sagrar campeã de quase tudo desde 2010, e mostrar que o Brasil, pode ser sim, o centro mundial do futebol, e não só um exportador de ótimos jogadores. Se o Santos conseguir a vitória no domingo, conseguirá uma das maiores vitórias na história do futebol mundial de todos os tempos, em todos os aspectos. Boa sorte aos Meninos da Vila.
Neymar é a esperança do Alvinegro Praiano.
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Os leitores mais assíduos do blog (acho né, hehe) que perceberam a minha ausência, principalmente quando fatos mais importantes no mundo do futebol aconteceram, como no ''Dia do Fico'' do Neymar e a conquista do Campeonato Brasileiro 2011 pelo Corinthians. Me desculpem, pretendo retornar a escrever, acredito que semanalmente, e esses temas não passarão em branco na retrospectiva que farei nos últimos dias do ano! @leoglopes
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