Olá amigos do Rei, meus queridos...manolos!
Iniciando a série de 30 posts que anunciei, quero falar sobre minha cidade natal, Piracicaba.
Hoje, dia 01 de agosto, é aniversário da cidade de onde eu vim...
A noiva da colina, o Ateneu Paulista, a terra da pamonha.
Cidade do "caipiracicabano", tema de uma reportagem no bom dia Brasil (abaixo), tema de vergonha para muitos, motivo de orgulho pra mim. Já foi tema de várias postagens por aqui, no "Guia Prático de uso" do dialeto.
Cidade do rio mais cantado do mundo, o lugar onde o peixe pára...
Cidade de tantas belezas naturais e de uma cultura típica tão forte.
Me lembro que, logo ao chegar a Recife, para aqui fazer meu mestrado, percebi o quão pouco conhecida é essa cultura, ao mesmo tempo em que, é tão cara para mim.
Falar aqui sobre a Catira, o Cururu, a festa do milho, a festa da polenta, o carnaval de rua, a festa do Divino Espírito Santo... explicar nossas festas juninas, nosso amor pelo XVzão...
Sempre me orgulhei muito disso.
Não sou Piracicabano "puro sangue" (e quem é? conheço poucos), pois meus pais são de outras cidades e se estabeleceram em Piracicaba, onde eu nasci e me criei.
Aprendi a apreciar cada conversa, cada moda de viola, cada peixe frito na rua do porto... coisas que estão ali sempre à disposição, mas que você sente falta após partir...
Aliás, sentir falta é algo natural nos piracicabanos. Diga-se pelo hino da cidade, que é uma canção de quem está longe, fazendo uma ode à terra querida.
"Ninguém compreende a grande dor que sente um filho ausente a suspirar por ti"
Piracicaba foi fundada em 1776, como povoação e logo em seguida como vila. Em 1821 recebe o nome de "Vila da Nova Constituição", em homenagem à constituição portuguesa de então. Só em 1877 passa a se denominar Piracicaba.
Piracicaba tem origem no Tupi-Guarani, e quer dizer "lugar onde o peixe para". Esse era o nome dado pelos índios ao rio da cidade, uma vez que a formação rochosa que cria o "salto do Piracicaba" impede a passagem dos peixes que estão buscando o lugar mais alto para sua desova.
O salto do rio era o lugar onde o peixe parava, era Piracicaba.
Bacana saber que para os índios a história não parava por aí. Eles explicavam o porque de os peixes pararem ali, o porque do rio se elevar bem ali.
Contam que uma bela índia sempre se banhava nas águas do rio e ele era calmo e de águas transparentes.
Acontece que a bela índia, certo dia, se apaixonou por um grande guerreiro da tribo (sempre tem um grande guerreiro na história). O rio se revoltou e, assim que pode, capturou a moça e guardou debaixo do seu leito (provocando a elevação).
O guerreiro, sabendo disso, desafiou o rio para uma batalha. Durante a luta, o rio e o guerreiro fizeram muitos esforços. O rio, por ter feito tanta força, ficou turbulento para sempre... o guerreiro, foi capturado por ter se cansado da luta.
Não é legal isso?
Tá, foi só um dobramento geológico simples... chato demais.
Pois bem, essa cidade tem muitas outras lendas, como a da "cobrona" que estaria enterrada embaixo da cidade e que acordaria no juízo final.
Ou as tantas lendas do Cemitério da Saudade, onde estátuas se movem, crianças enterradas ali são consideradas santas e os gatos (centenas) que tem suas lendas próprias...
Mas a que eu gosto mais é a da mudança de padroeiro.
Piracicaba tinha como padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, escolhida pelo capitão Antônio Correa Barbosa, fundador da cidade, por ser sua "madrinha". Acontece que, quem escolhe o padroeiro é a igreja e não o capitão da vila, e a capela foi fundada com Santo Antônio de Pádua sendo o padroeiro de Piracicaba (e assim é até hoje).
E aí é que está. Contam que o capitão Correa Barbosa, contrariado, disse ter visto anjos (isso mesmo, anjos) retirando a imagem de Nossa Senhora do Prazeres, do altar da capela, o que teria motivado a escolha de um novo padroeiro.
Mas, por conta do capitão não ser muito lá vinculado à imagem de religioso, o povo criou uma nova história, que é bem mais interessante.
Dizem que a imagem foi tirada do altar pelo bispo, que estava revoltado com a escolha do capitão (que não tinha autoridade para escolher padroeiro) e jogada no rio!
O bispo furioso, jogou a imagem para ser levada pelas águas... acontece que, ao longe, vendo a imagem ir embora rio abaixo, o bispo presenciou a mesma mandando uma "banana" para a cidade!
Isso! A santa se revoltou e mandou a cidade às favas!
Dizem ser esse o motivo de Piracicaba "patinar" no desenvolvimento (tem menos da metade do tamanho de Campinas, que é bem mais nova, por exemplo)...
A santa rogou a praga, azar o nosso!
Bem, de toda forma, sei que Santo Antônio (que não tem nada a ver com a história), cuida bem de Pira...
Mas o certo é que, patinamos mesmo no desenvolvimento.
Piracicaba é, ainda, uma cidade provinciana demais.
As pessoas valorizam sobrenomes. Tem até uma empresa na cidade, à beira da falência, que se mantém na pompa, só por ser de "família tradicional".
Em Piracicaba julgam muito, cuidam muito e fazem pouco.
Tenho orgulho de ter entre meus amigos, gente que é exceção à essa regra.
Tenho vergonha de perceber que as exceções são poucas.
E nós que temos um mínimo de conhecimento sociológico, sabemos que a cidade é constituída por pessoas... e esse é o mal de Pira.
Espelhada em seus políticos, com um prefeito conhecido lá dentro como um "gênio" e fora de lá como o "Maluf do interior" (rouba mas faz, obras faraônicas com saúde e educação definhando)...
Ou com vereadores que aprovaram um aumento de 75% em seus próprios salários (apoiados por uma corja que junto deles tiveram aumento de salários também, como funcionários e assessores)...
Pode ser só o espelho de todo o Brasil, pode ser só algo comum que se vê em todo lugar... pode ser.
E, por conta do momento ser de celebração, eu termino sem fazer mais críticas à essa cidade que eu amo. Afinal, ela estará sempre na memória, como um lugar bom e que merece sempre minha visita.
e como disse meu amigo Bento no Facebook, "Piracicaba, apesar de tudo eu gosto de você!"
Amigos de Piracicaba, sinto falta de vocês.
Parabéns Noiva Da Colina,
é uma satisfação.
Zine Pasárgada foi um Fanzine cultural e educacional que se propôs divulgar os mais diversos tipos de expressões artísticas e os mais variados assuntos.
O jornal Pasárgada teve 3 edições impressas e distribuídas na cidade de Piracicaba/SP e está guardado, junto com outras idéias, no limbo da falta de tempo e dinheiro.
O blog retomou a proposta do Zine e abriu espaço para diversidade de idéias e de expressões.
Hoje o blog acompanha o jornal e as atividades estão encerradas.
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3 comentários:
a reportagem diz que o XVzão está na série A3 do paulista? Peraí que é antiga, agora o Nhoquim tá na série A1!!!
aeee!
aiii que post mais carinhoso! amo mto essa nossa cidade, cheia de flores, cheia de encantos...
[sobre nosso prefeito, melhor nem comentar]
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