Nossa: quanto tempo não escrevo por aqui!
Faz, se não me engano, uns 5 meses desde a última postagem.
Mas, assim, tenho uma boa desculpa para dar!
Além da correria do trabalho, dos planos de fim de ano, das contas para pagar, da vida para tocar, tenho que ser sincera: parei temporariamente de escrever no blog por causa do amor.
É, ele mesmo: o a-m-o-r.
Nossa, Camila: mas o que é o amor?
"Meu amor, nossos somos almas gêmeas. Fique comigo para sempre, incondicionalmente!"
"A metadeeee da laranja, dois amantes, dois irmãos"
Opa! não. pára, pára, pára: parou.
Tá certo que eu tenho tendências fortíssimas para a pieguice, mas não é isso.
Conto, então, a minha versão do amor. E já aviso: não tem um final feliz.
Resumidamente, três coisas principais me aconteceram nos últimos meses:
a) decidir ficar sozinha quando as minhas relações amorosas forem fundamentalmente egoístas; b) férias e c) uma sede quase insaciável de conhecer o mundo (potencializada pelo item "b").
Num brevíssimo resumo, resolvi passar minhas férias no Uruguai e na Argentina com uma amiga.
Arrisquei-me no improviso em terras desconhecidas: conhecemos pessoas, fomos em lugares simples, nos divertimos com o cotidiano da cultura do outro, tomamos um café gostoso, dormíamos nos parques à tarde. Todas as atividades foram muito bonitas e que não incluíam excessos.
Tudo numa medida importante que me fazia equilibrada e feliz.
Foi então que, muito feliz sozinha, pude encontrar um argentino muito bonito, gentil e apaixonante. Na medida do que eu achava essencial.
O resultado disso foram viagens minhas para Buenos Aires, uma viagem dele para o Brasil no fim do ano.
Desejos, sensações, relações de cuidado, histórias, planos, visões de mundo, política e viagens.
Uma sensação leve e colorida de ser protagonista de alguma comédia romântica francesa.
Só tinham dois problemas que, depois, me pareceram bem fundamentais: não morávamos num mesmo país e ele estava com passagem comprada para morar seis meses em Londres.
***
Fernando Trueba é um diretor de cinema espanhol que participou do programa "Sangue Latino" televisionado semanalmente pelo Canal Brasil. (o link
aqui !)
Lá pelo 16:50 minutos da gravação ele dá a definição dele sobre amor.
Diz Trueba:
"Eu acredito um pouco no amor, sim.
Mas como acredito na paixão e no desejo.
O amor é um conceito muito confuso.
É como o conceito da felicidade.
Acho que é melhor não utilizar conceitos confusos, não servem para conversar, só servem para confundir.
Ao se dizer " te amo" para alguém corre-se o risco de estar dizendo uma estupidez, uma maldade ou uma mentira.
Seria mais justo dizer "Eu te desejo" ou "não vá embora" ou "me faça carinho mais meia hora" ou coisas mais concretas.
Coisas que o cérebro humano consiga entender.
O amor é um conceito que foge de mim.
Além disso as pessoas têm a teoria que o amor é uma paixão de quando se gosta de uma pessoa e a quer só para si mesmo, como uma propriedade.
Tem algo de possessivo, destruidor nisso e acho doentio.
E acho que foi uma doença inoculada em nós e da qual o ser humano, no seu caminho para o futuro, terá que se libertar, rescrever, transformar e aperfeiçoar.
O que é o amor?
O amor deveria ser querer que a pessoa que se ama seja feliz e passe bons momentos.
Com você ou sem você.
***
No último dia em que estivemos juntos o tempo estava nublado em Buenos Aires.
Ficamos mudos por quase 20 minutos só nos olhando.
Eu o ajudava na mudança da sua casa e ele se preparava para deixar parte do seu passado rumo ao inesperado de uma vida em outro continente.
Eu planejava mudar de casa para morar sozinha, vender o apartamento que comprei quando era noiva e viajar muito durante este ano.
Nós dois estamos com 28 anos e, concluo, que decidimos nascer.
Com todo o desejo que sentimos naqueles lindos dias em que fizemos aulas de tango e tomamos vinhos argentinos, resolvemos não fazer planos para um futuro que ainda não tinha solo.
Não combinamos de nos encontrar em Londres. Não fizemos juras de amor desesperadas.
E porque não estávamos nos tratando como propriedades durante esse pequeno e intenso tempo em que estivemos compartilhando bons momentos, desejei a ele céu e ele me desejou mar.
Desejamos uma vida feliz a nós mesmo, antes de qualquer coisa.
fim.