Zine Pasárgada
foi um Fanzine cultural e educacional que se propôs divulgar os mais diversos tipos de expressões artísticas e os mais variados assuntos.

O jornal Pasárgada teve 3 edições impressas e distribuídas na cidade de Piracicaba/SP e está guardado, junto com outras idéias, no limbo da falta de tempo e dinheiro.

O blog retomou a proposta do Zine e abriu espaço para diversidade de idéias e de expressões.

Hoje o blog acompanha o jornal e as atividades estão encerradas.

Foi uma grande satisfação ser um dos amigos do Rei.

Fábio

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Os Acontecimentos de 2011 e as Expectativas para 2012 no Futebol


2011 terminando, 2012 prestes a começar. Com a chegada do fim de ano, aumentam as reflexões sobre o ano que passou (no caso, 2011), a fim de ver aonde está o erro, e como corrigí-lo. E no mundo do futebol não é diferente. Para os Corinthianos, o ano foi muito bom, pela conquista do pentacampeonato Brasileiro. Para os Santistas, então, nem se fala: o clube se sagrou campeão paulista, campeão da Libertadores, e conseguiu segurar Neymar, um dos melhores atletas desde Ronaldo, aceitasse uma proposta para permanecer no Brasil, e ajudar a fazer o nosso país, o ''país do futebol'', e não só o país dos craques. Se o ano foi bom para Neymar, Ganso terminou do lado oposto ao que começou 2011: com a imagem arranhada por várias especulações em torno de sua saída do Peixe, lesionando-se em momentos importantes, e sem a certeza de que é o camisa 10 do Brasil.


Tite foi um dos responsáveis diretos pela conquista do Penta Brasileiro pelo Corinthians.


Neymar: jogou muito em 2011 e fica até 2014 no Santos.

Já para São-Paulinos e Palmeirenses, 2011 deve ser esquecido (ou lembrado, para que ão comentam os mesmos erros): Tanto Palmeiras, quanto São Paulo decepcionaram nos campeonatos que disputaram, e tornaram públicas as crises internas, muitas vezes ocorridas por conflitos de poder na diretoria. Erro inadmissível, para clubes que querem voltar a ser os melhores do Brasil.

Por falar em Brasil, a nossa Seleção Brasileira não anda lá essas coisas. Mano Menezes fez a tão pedida ''renovação'' na Seleção, e em um ano e meio de trabalho, ainda não tem um grupo, ou um time formado. A principal aposta da CBF são as Olimpíadas de Londres, em agosto de 2012. O Brasil tem 11 bons jovens jogadores (incluindo Neymar, Lucas e Leandro Damião), capazes de trazer o único título que ainda falta ao Brasil. Mas já vimos esse filme: Brasil vai às Olimpíadas com um ótimo time, e perde para um adversário inesperado (mas na verdade perde para a pressão de conquistar o ouro). É torcer para que o Brasil, finalmente, consiga a tão sonhada medalha de ouro em 2012. No restante, ainda faltam alguns pontos a serem resolvidos por Mano, como a titularidade de Ganso, a inclusão de Kaká no time titular, e definir se a Era Robinho na Seleção chegou ao fim ou não. Esses são pontos imprescindíveis para que Mano encontre um grupo para vencer a Copa do Mundo de 2014, aqui no Brasil.

Antes unânime como 10 do Brasil, Ganso não fez um bom 2011.

Outros pontos positivos e negativos a serem lembrados: Lucas, apesar de ter feito bons jogos, fez uma temporada inconstante; se quiser uma vaga no time de Mano, precisará mostrar, em 2012, mais futebol, e ser um jogador menos ''bipolar'' dentro de campo. Alexandre Pato ainda não se firmou como titular do Milan, e muito menos da Seleção Brasileira; precisa reencontrar seu futebol e sua regularidade, se quiser oportunidades para se firmar como camisa 9 do Brasil. Leandro Damião surgiu como uma (boa) alternativa para vestir a 9 do Brasil na Copa; da mesma idade de Pato (22 anos), tem boas chances de ser o titular de Mano nas Olimpíadas, já que seu concorrente parece estar mais preocupado com a (linda) namorada Bárbara Berlusconi, do que com seu desempenho dentro de campo.

Bárbara Berlusconi parece interessar mais a Pato do que a 9 da Seleção.

Damião: boa opção para ser o centrovante do Brasil.

Dedé surgiu como possível titular do Brasil, após realizar uma excelente temporada com o time do Vasco; rápido e forte, representa juntamente com Neymar, a nova cara dos bons jogadores brasileiros, que preferem permanecer no país, a ir para a Europa. Ronaldinho, apesar da boa temporada com o Flamengo, não parece muito disposto a alcançar uma vaga como titular na Seleção; para a torcida, ainda é uma esperança de ''futebol bonito''; já para mano, é (provavelmente) uma carta fora do baralho. Kaká teve mais uma temporada prejudicada por lesões; se o meia de 28 anos se recuperar fisicamente, são grandes as chances de ingressar no meio-de-campo do Brasil.

Dedé: uma das boas surpresas em 2011.

Lesões atrapalharam Kaká e os planos de Mano Menezes em 2011.

E o Barcelona.. bom, o Barcelona é simplesmente o melhor time do mundo, e certamente um dos melhores de todos os tempos. Guardiola fez funcionar a filosofia da posse de bola no time catalão, maneira de jogar que já vinha sendo desenvolvida desde 1975, com a chegada do holandês Cruyff (o maestro da Laranja Mecânica, que encantou o mundo nas Copas de 74 e 78), no início como jogador, e posteriormente como treinador. E apesar das inúmeras reverências a Messi, o ''Cruyff'' deste Barça é o meio-campista Xavi, que do alto de seu 1,70m, joga um futebol espetacular. Não é à toa que todos os gols e boas jogadas do time ccatalão passem por seus pés. Hoje, o Barça depende mais de Xavi, do que de Messi. E Messi depende mais do Barça, do que Xavi. Apesar disso, a equipe catalã, que conta com oito titulares formados em La Masía (time de base do Barça), já escreveu seu nome no hall das melhores equipes de todos os tempos, por mostrar que investimento na base dá resultado, e também por mostrar a todos que é possivel ganhar e impressionar ao mesmo tempo.

Messi e Xavi são os grandes responsáveis pelo Barça estar aonde está hoje.

Ninguém sabe o que 2012 nos reserva. Pode ser que apareça um novo Neymar, um novo Messi, para encantar o mundo. Pode ser também que um desses jogadores, que estão no auge, se machuque e nunca mais volte a jogar da mesma maneira. Mano Menezes pode sair do comando da Seleção Brasileira. O Corinthians pode ganhar a Libertadores. Enfim, as possibilidades são infinitas, já que ''o futebol é uma caixinha de surpresas''.
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Gostaria de agradecer pelos vários elogios, críticas construtivas e apoio que recebi desde que publiquei meu primeiro texto. Gostaria também de agradecer ao Fábio, pelo convite para eu escrever aqui no Zine Pasárgada, e posso dizer que isso foi uma das melhores coisas que me aconteceram esse ano. Encerro por aqui as minhas atividades em 2011. Em 2012 tem muito mais! Bom Ano-Novo a todos! @leoglopes

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Privatas do caribe

     Caros amigos do Rei, não escrevi “piratas” errado. No decorrer desse texto você entenderá que esse título é a expressão exata de cenas reais rodadas nessa terra Tupiniquim. Adiantando: não tem nada a ver com o Capital Jack Sparrow!
     Primeiramente, agradeçam a Deus (ou a Alah, ou a Jah, ou a Santa Internet, ou ainda ao grande e misterioso nada que veremos após a morte) por estar lendo esse texto, pois aqui na blogosfera e em Pasárgada nossa opinião não tem “rabo preso” com nenhum patrocinador!
     O autor do livro de hoje foi vencedor por três vezes do prêmio Esso de jornalismo e por quatro vezes do prêmio Vladimir Herzog. Trata-se do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A “A Privataria Tucana” traz um case emblemático de como o dinheiro público pode servir de alavanca para alienar patrimônio público em favor de interesses privados.
     O livro é resultado da reportagem investigativa de Amaury Jr. e trata-se da venda (ou doação) do patrimônio público e lavagem de dinheiro que ocorreram nesta terra Tupiniquim quando FHC (Fernando Henrique Cardoso) era presidente. Independentemente da opinião de cada um sobre privatizações, sobre a eficácia ou ineficácia do Estado ao gerir os bens públicos. Percebemos no livro que o modelo de privatização que assolou o Brasil nos anos FHC não foi o mais adequado aos interesses dos habitantes dessa terra Tupiniquim.
     A desestatização à brasileira foi o jeito Tucano de torrar estatais com a doação de empresas a preços baixos e a poucos grupos empresariais. Deixando os ricos brasileiros mais ricos.
     Pagamos para vender nossas empresas. Com a venda da Vale, Embraer, Usiminas, Copesul, CSN, Light, Acesita e as ferrovias o governo FHC afirmava ter arrecadado R$ 85,2 bilhões e o jornalista econômico Aloysio Biondi publicava em seu Best seller O Brasil Privatizado,que o Brasil gastou R$ 87,6 bilhões com essas empresas, portanto R$ 2,4 bilhões a mais do que recebera.
     Só para se ter uma ideia, em 1998, vendemos por R$ 22 bilhões todo o sistema de telefonia do Brasil, a Telebrás. É uma quantia tão impressionante quanto a que a União investira na Telebrás nos dois anos e meio anteriores à privatização: R$ 21 bilhões.
     O livro acusa e prova, por meio de documentos públicos, a corrupção da alta cúpula tucana. Nele está comprovado que o ex-tesoureiro das campanhas do PSDB (Ricardo Sérgio de Oliveira) recebeu propina de um dos vencedores no leilão da privatização da Telebrás, Carlos Jereissati, irmão do ex-senador, Tarso Jereissati PSDB/CE.
     Ricardo Sérgio de Oliveira foi o único diretor do (BB) Banco do Brasil por indicação política. Serra, quando Ministro o nomeou como diretor da área internacional do BB, com objetivo de facilitar a concessão de empréstimos às empresas, para que as mesmas pudessem participar de consórcios para compra das estatais. Foi usando a influência do cargo de diretor do BB que Ricardo articulou, manobrou e formatou os consórcios de empresas para arrematar estatais durante os anos dourados da privataria.


     Assim o dinheiro público financiava a alienação das empresas públicas. A gratidão dos arrematadores nos leilões expressava-se zelosamente nas campanhas eleitorais do PSDB por meio de doações.
     Entre os arrematadores das empresas públicas, destaca-se Daniel Dantas e sua irmã, Verônica Dantas, sócia da filha de Serra (Verônica Serra). A Empresa das “dondocas” em 2000 tinha um capital de R$ 10 mil. Neste mesmo ano recebeu do Caribe R$ 1,8 milhão e no ano seguinte R$ 3,5 milhões. Em 2002 atingia mais de R$ 7 milhões em patrimônio.
     A mágica de “multiplicação dos ovos de ouro” da filha de Serra deixa no chinelo o crescimento do patrimônio do Palocci. Aliás, o PIG (Partido da Imprensa Golpista) derrubou sete ministros do governo Dilma por muito menos. Os jornais martelavam diariamente as acusações até a queda.
     O esquema da Privataria tucana era complexo. Em síntese, o dinheiro saia do Brasil por doleiros e ia para paraísos ficais (ilhas do Caribe). Do Caribe o dinheiro era espalhado por contas de empresas em bancos americanos (para dificultar o rastreamento), essas empresas por sua vez, investiam em empresas brasileiras, comprando cotas de sociedade.
     Mesmo esquema utilizado por Paulo Maluf e Fernandinho Beira Mar. São denúncias graves. A quantia surrupiada daria para criar uma biblioteca em cada escola desta terra Tupiniquim e o PIG está escondendo, nos mostrando de modo escancarado e comovente que sua alma é serrista.
     O PIG que ao longo dos últimos meses, em nome da moralidade pública e do combate à corrupção, vem veiculando calúnias, denúncias falsas e sem provas (como as que derrubaram o ministro Orlando Silva).  Diante de uma reportagem ampla e rigorosa (um trabalho de 10 anos), recheada de provas e envolvendo desvio de bilhões de reais, silencia ou tenta desqualificar a acusação.
     O autor, em recente debate sobre o tema, esclarece o comportamento do PIG: “Se CPI for aberta, vou avisar que o que está no livro é pequeno. Vai chegar à sociedade a forma como a editora de uma grande revista e veículos de comunicação tiveram dívidas perdoadas depois das privatizações".
     A mídia brasileira não tem o direito de continuar fazendo de conta que não viu a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos anos 1990 e começo da década seguinte. A sua obrigação é manter o brasileiro informado, afinal o Estado lhe deu uma concessão com a finalidade de prestação de serviço à população. Mas ao contrario disso, estamos sendo ludibriados.
     A CPI da privataria nem iniciou os trabalhos e já estou até sentindo o cheiro de pizza, pois o sistema de doleiros e paraísos fiscais utilizados pela cúpula tucana, foi utilizado por todos os partidos políticos, incluindo o PT. Aliás, foi essa a razão de ter terminado em pizza a CPI do Banestado.
     Como diz o ditado: quem cala consente. O PIG já consentiu. E você, vai ficar aí calado?
     Aproveite que você é “amigo do Rei”! Entre nessa luta! Não requer prática nem experiência. Basta seguir os 6 passos do “manual do revolucionário do século XXI”:
1º Compartilhe e curta esse link nas redes sociais;
2º Compre o livro, ou baixe aqui;
3º Leia o mesmo;
4º Crie um evento no FaceBook “Ato contra a privataria tucana”;
5º Compareça ao evento criado.
6º Repita o processo até quando não existir mais casos de corrupção no Brasil.
     Sou o @bibliotecarioSP, responsável pela biblioteca aqui de Pasárgada.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Reforma Política: Um Debate Necessário Para o Brasil Avançar.

No campo da política não há espaço para formulas prontas quando estamos diante de problemas relacionados a natureza do Estado. Essas problemáticas, normalmente são frutos da própria dinâmica social e tendem a se tornar elementos essenciais para tranformarmos a realidade, além de adequar a funcionabilidade estatal ao seu contexto histórico. É nesse processo dialético que passam a surgir os novos desafios e novas demandas políticas que por sua vez, podem ou não determinar o início de uma transformação social.

E diante de tal contexto, é fundamental avaliar um pouco sobre o nosso papel como sujeito histórico, tendo em vista a responsabilidade de identificarmos esses novos desafios que podem condicionar uma transformação política para que nossa ação, enquanto cidadãos seja cada vez mais qualificada e fundamentada no atual momento que estamos inseridos. Não adianta pararmos no tempo e pensar que presente é apenas o bastante para lidarmos com as atuais demandas sociais, pelo contrário, precisamos utilizar de todas as lições que obtivemos no passado para daí, compreender a contemporaneidade e assim oferecer respostas concretas para as necessidades políticas atuais.

Enfim, é no acúmulo de força e no diálogo com outras opiniões que vamos obter a experiência necessária para compreendermos a nossa realidade. A maior prova disso, consiste no avanço que os partidos e entidades civis de ideologia progressista e de esquerda vem obtendo ao longo da última década, principalmente após a vitória eleitoral do presidente Lula em 2002. Foi um processo que não surgiu do dia para a noite, pelo contrário, foi uma construção histórica e obtida ao longo de um árduo processo de acúmulo de experiências, estudos e alianças políticas. Processo esse que vai sendo construído a medida em que as contradições vão se manifestando com mais intensidade e precisando assim de respostas mais fundamentadas às reais necessidades.

Vivênciamos uma década repleta de mudanças, principalmente no que diz respeito ao fortalecimento do diálogo e da participação popular dentro das instâncias deliberativas do poder político. Foi o momento em que os movimentos sociais, os partidos políticos de esquerda e as organizações civis passaram a ser os principais representantes do povo brasileiro, pois esses, foram capazes de entender toda a complexidade das relações políticas e ao mesmo tempo, criaram as condições necessárias para um período de intensas transformações sociais. Como sabemos, a ascensão desses setores políticos foi responsável pelo desenvolvimento das políticas públicas, das ações afirmativas e dos mecanismos de controle social.

Contudo, todos esses avanços também possibilitou um amadurecimento político que por sua vez, veio acompanhado por novas demandas, necessitando ainda mais a ampliação das ações políticas para que haja maior participação popular a fim de que esses novos desafios sejam incorporados à agenda publica. Ainda temos um longo caminho para debatermos sobre questões fundamentais para o desenvolvimento social do Brasil, e a reforma política é uma dessas questões. Felizmente, criamos condições reais para debatermos sobre essa temática, dentro e fora das instâncias burocráticas e conservadoras do Estado. Para ficar mais claro esse raciocínio, vamos pensar da seguinte maneira: se no passado, a juventude exigia mais escolas e universidades, hoje, temos que exigir uma revolução no modelo educacional do país; se os trabalhadores clamavam pela criação de novos postos de trabalhos, hoje, temos que lutar pela valorização e pelo trabalho decente e se a outrora, lutávamos por um projeto político voltado para as classes populares, hoje, temos condições de exigir uma reforma no modelo de organização política do país, para que possamos transformar o Brasil em uma democracia ampla, participativa e popular. Os novos desafios do século XXI estão lançados e o momento é bastante propício para avançarmos junto com os movimentos sociais.

Enfim, não podemos negar que chegamos a um momento de grande maturidade, e justamente por isso, temos total condições de identificar os próximos passos para avançar no processo de reformulação da democracia brasileira. Para isso, é fundamental romper com obstáculos institucionais que foram cristalizados nas raízes do Estado brasileiro, pois esses dificultam a possibilidade de se executar maiores transformações na atual conjuntura política. Além disso, também é necessário desconstruir a lógica que está inserida no atual modelo de democracia representativa do país. Democracia essa que em muitos caso, não favorece de forma eficaz a participação popular nas instâncias governamentais e que é facilmente manipulada por fatores externos, como a grande mídia e o capital privado. Nessa conjuntura, temos que fortalecer cada vez mais a ideia de uma democracia livre do capital econômico.

Estamos diante de uma nova contradição e os partidos políticos, junto aos movimentos sociais precisam tomar propriedade desse debate, para que a democracia brasileira não seja, mais um instrumento das oligarquias e dos empresários que historicamente utilizam da gestão pública para manter os seus interesses de mercado. É difícil avançar, tendo que conviver com um modelo de democracia vacilante e submissa ao poder economico. É difícil chegarmos a novos patamares se ainda predomina uma cultura política conservadora e paternalista. Entretanto, só vamos encontrar a solução para esses novos desafios através da mobilização popular.

As organizações sindicais, os movimentos comunitários, as mulheres, a juventude e os movimentos de negros e negras precisam formular opiniões sobre o fortalecimento dos partidos políticos e do financiamento público de campanha para que possamos acabar com certas práticas eleitorais que somente favorecem uma elite e que faz da gestão pública um instrumento para a manutenção dos interesses particulares. Para a democracia avançar é preciso que os partidos políticos se fortaleçam e que seus programas sejam respeitados e não reduzidos apenas a legendas eleitorais.

E é diante disso que os movimentos sociais precisam responder aos novos estímulos e orientar os rumos do debate sobre a reforma política brasileira, com o intuito de escrever um novo projeto nacional de desenvolvimento para país. Os movimentos não podem estagnar no tempo e no espaço, nem ficar presos as bandeiras do passado, é preciso renovar a luta e avançar na política. Em outras palavras, vamos democratizar a democracia e fazer com que haja de fato, um modelo de representação democrática que contemple os trabalhadores, as mulheres, os jovens, os negros, os índígenas e outras minorias. É dessa democracia que o país precisa.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

À Espera de um Milagre.



De 8 a 18 de dezembro, acontece o Mundial Interclubes da Fifa, torneio que reúne os campeões de seus respectivos campeonatos continentais. Antigamente, o torneio reunia apenas o campeão euroupeu e o campeão sul-americano, mas para fazer o politicamente correto (e também para abrir as portas a clubes bancados por magnatas do petróleo, caso do Al-Sadd, do Catar), desde 2005 clubes de todos os continentes participam do torneio, o que não significa que todos saibam que a final será entre um sul-americano e um europeu (ainda acredito que o Internacional só perdeu para o Mazembe em 2010 pois entrou com a cabeça já na final, e esqueceu de jogar bola na semi-final), muito superiores tecnicamente aos demais clubes. Algumas pessoas reclamam que a semi-final dá menos tempo de preparação aos atletas, que tem de se acostumar ao fuso-horário do Japão. Mas as semi-finais tem um ponto positivo: permitem ao adversário analisar tecnicamente e taticamente o possível rival da final, mesmo eles não jogando 100% de seu futebol nas semi.

E o Santos estreou com vitória ontem sobre os nove japoneses e dois brasileiros do Kashwa Reysol, do Japão. Com gols de Neymar, Borges e Danilo, o alvinegro praiano tomou leve pressão no final do jogo, e mesmo sofrendo um gol no segundo tempo, o Santos se manteu sempre superior ao Kashiwa. Porém, surgiram comentários de que ''se o Santos jogar dessa maneira contra o Barcelona na final, vai perder de goleada''. É óbvio que existem pontos a serem melhorados na equipe de Muricy Ramalho. O Santos teve menos posse de bola do que o Kashiwa, dado preocupante, pois desde março de 2008, o Barcelona não perde na posse de bola para um adversário em um jogo. Muricy sabe que é impossível seu time ter mais posse de bola que o Barcelona. Mas se não melhorar nesse quesito, as chances de um milagre ocorrer no domingo diminuem drasticamente. Outro ponto que deve ser revisto é a ligação entre meio-campo e ataque santista. Ganso e Elano, responsáveis por esse quesito, fizeram boa partida na terça, mas precisam melhorar, e em hipótese alguma errar passes, se quiserem fazer história no domingo. Já Neymar... esse não precisa de comentários. Sua função no campo é fazer a equipe funcionar, assim como ajudou (e muito) o Santos contra os japoneses, ora buscando o jogo no meio-campo, hora atuando como um ponta que puxava a marcação para onde ele fosse.

Neymar, jogando como ponta esquerda, marcou o primeiro gol da vitória santista pelo meio, e de perna esquerda.

Já o Barcelona mostrou seu mesmo futebol de sempre, ou seja: deu show, mostrou um entrosamento espetacular, e ainda garantiu a goleada sobre o Al-Sadd, do Catar. Isso com o time misto, já que jogou sem o seu melhor zagueiro (e um dos melhores do mundo), Piqué; sem um dos melhores apoiadores do mundo, Daniel Alves; e sem o melhor articulador do mundo (sem sombra de dúvidas), Xavi. Ou seja: o Santos vai ter de ralar, suar a camisa, mostrar raça, e acima de tudo, ser inteligente taticamente para parar o ''El Carrossel'' de Pep Guardiola, e fazer história no domingo.

Barcelona, mesmo com time misto, deu show e aplicou goleada sobre o Al-Sadd, do Catar.

O Barcelona atual joga em um 3-4-3, em função da tática do adversário, já que hoje o 4-2-3-1 é o esquema mais usado mundialmente. Puyol marca o ponta direita, e não sobe para apoiar, deixando o jogador ''inútil'' na marcação, assim como faz Abidal, este com mais liberdade, na esquerda. Piqué é o líbero e marca o centroavante; Flutuando entre os zagueiros, fica Sérgio Busquets, que pega a sobra e por vezes marca o armador adversário. Daniel Alves atua como um ala direito, não deixando o lateral adversário apoiar e ajudando (e muito) no ataque pelo lado direito. Pelo meio, Xavi articula todas as jogadas do time da Catalunha, armando, passando, cruzando, e deixando, por diversas vezes, os atacantes na cara do gol. Depois de Messi, é o jogador com quem o Santos deve tomar mais cuidado. Na esquerda, Iniesta faz o misto das funções de Daniel Alves e Xavi, ou seja: arma, passa, cruza, marca, e ainda finaliza, aparecendo como elemento surpresa lá na frente; Mais adiante, Cèsc Fábregas faz a função de armador clássico, e aparece de surpresa na frente constantemente para finalizar; e finalmente, Messi, que joga por ora na ponta direita, por ora como armador e até mesmo como ''falso ponta-de-lança'', vindo buscar o jogo entre os meias para conduzir a bola até o ataque, dando espaço para Iniesta e Fábregas aparecerem na grande área. Um outro detalhe importante de ''La Pulga'', é que ele é um gênio. Marcação individual dificilmente resolverá, e Muricy precisa encontrar um jeito de marcá-lo por zona, mas sempre com alguém na cola de Messi, para atrapalhar a vida do baixinho. Na esquerda, Pedro (ou Alexis Sánchez) faz a função de ponta, e por diversas vezes, aparece para finalizar na área como um centroavante. Fica o comentário de que o Barça joga como um carrossel, fazendo a bola rodar entre seus jogadores, que não tem posição fixa. O Santos perde o jogo se ficar assistindo ao Barça jogar, prazer que fica reservado para nós, espectadores.

Prévia do jogo tático que acontecerá domingo entre Santos x Barcelona.

Já o Santos joga em um típico 4-4-2, parecido com o que Dunga usou na Copa do Mundo de 2010, no comando do Brasil. A defesa conta com Danilo, que marca corretamente e apoia muito bem, Edu Dracena e Bruno Rodrigo, um zagueiro clássico e um rápido, respectivamente, e Durval na lateral esquerda, fazendo uma espécie de terceiro zagueiro. Como volante fixo, Henrique, que também sabe sair para o jogo. Arouca ajuda na marcação e ajuda na ligação entre defesa e ataque, função parecida com a de Felipe Melo no time de Dunga; Elano cumpre a mesma função em que jogou na Copa de 2010, apoiando, articulando, e também ajudando na marcação do time. Já Ganso é um meia clássico, camisa 10 em falta no futebol brasileiro, que articula, passa, chuta, organiza o time, e faz o último passe, aquele que deixa o atacante na cara do gol. Neymar atua em função mais ou menos parecida com a de Messi, só que pela esquerda. Ele por ora joga como um ponta, que puxa a marcação pela lateral e também pelo meio; também joga invertendo os flancos, o que confunde a marcação do time adversário; e assim como La Pulga, joga buscando o jogo no meio, solto no setor de meio-de-campo, para conduzir a bola até o ataque, abrindo espaço para os meias apoiarem e aparecerem no ataque. Borges joga como um típico camisa 9, fazendo o pivô e chutando (muito bem) de fora da área.

Resumindo, o Santos não terá vida fácil. Muricy precisa encontrar uma maneira de fazer o Santos chegar até o ataque, e não ficar refém de Neymar. Um gol no começo seria muito bom, assim como fez o São Paulo em 2005, contra o Liverpool. Se o Santos aproximar as linhas defensivas, marcar compactamente, errar poucos passes, aproveitar as chances, e tiver um pouco de sorte, consegue fazer história no domingo. Não só pelo fato de ganhar o primeiro mundial após a era Pelé e também por conseguir vencer o melhor time do Barcelona de todos os tempos, fato que nem Mourinho, um dos melhores técnicos do mundo, juntamente com Guardiola, e o melhor no quesito tático, com o seu poderoso Real Madrid não conseguiu no sábado, em casa, pela Liga Espanhola. Mas sim por coroar uma geração de garotos, liderada por Neymar, que pode se sagrar campeã de quase tudo desde 2010, e mostrar que o Brasil, pode ser sim, o centro mundial do futebol, e não só um exportador de ótimos jogadores. Se o Santos conseguir a vitória no domingo, conseguirá uma das maiores vitórias na história do futebol mundial de todos os tempos, em todos os aspectos. Boa sorte aos Meninos da Vila.

Neymar é a esperança do Alvinegro Praiano.
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Os leitores mais assíduos do blog (acho né, hehe) que perceberam a minha ausência, principalmente quando fatos mais importantes no mundo do futebol aconteceram, como no ''Dia do Fico'' do Neymar e a conquista do Campeonato Brasileiro 2011 pelo Corinthians. Me desculpem, pretendo retornar a escrever, acredito que semanalmente, e esses temas não passarão em branco na retrospectiva que farei nos últimos dias do ano! @leoglopes

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A medicalização excessiva na sociedade contemporânea

Minha postagem de hoje é uma extração do meu projeto de pesquisa sobre a medicalização excessiva na sociedade contemporânea. Este escrito consiste na revisão da literatura a respeito do assunto, e embora pareça algo muito teórico ou massante, achei legal trazer essa discussão para o blog, pois acredito que muitas pessoas possuem opiniões diversas sobre isto.
Todos os direitos reservados! (rs)



A medicalização excessiva na sociedade contemporânea

                       A farmacologia surgiu como uma ciência que estuda substâncias químicas que interagem com os sistemas biológicos. O grande objetivo dessa ciência era descobrir e produzir medicamentos onde o sofrimento ou alterações físicas fossem amenizados ou em muitas vezes, erradicados. Com o decorrer dos anos e como toda ciência, a farmacologia foi crescendo e se aprimorando junto com a biomedicina. Hoje a farmacologia se constitui numa grande indústria que produz milhões de medicamentos mundialmente, e atinge pessoas de todas as classes e com todos os tipos de patologias.
     O avanço dos fármacos caminha paralelamente com o avanço das patologias recentemente diagnosticadas, ou seja, a cada aumento e ampliação de diagnóstico, um medicamento novo é produzido para atender essa demanda. Sendo assim, hoje a indústria farmacêutica disponibiliza muitos remédios que são acessíveis à sociedade.
     A partir da facilidade no acesso aos medicamentos e a alta prescrição médica que vem acontecendo também nos dias de hoje, fazer uso de um medicamento ou comprá-lo, se tornou maneira fácil, rápida e as vezes até mais econômica de extinguir ou amenizar um sofrimento físico ou até mesmo psicológico.
     A banalização do diagnóstico e da busca pela descoberta pela causa de uma doença, também ocasiona numa medicalização desenfreada na sociedade, e a prescrição médica se torna algo apenas automático e não empático, onde se busca saber a cessação de um sintoma e não se investiga o sofrimento de um paciente e quais suas causas:

          “Ao viver em uma sociedade que valoriza a anestesia e a sedação de sintomas, o médico e seu cliente aprendem a abafar a interrogação inerente a qualquer dor ou enfermidade: O que é que não anda bem? Por quanto tempo ainda? Por que é preciso? Por que eu? Qualquer médico sincero sabe que, se ficar completamente surdo à pergunta implícita na lamentação do paciente, pode até reconhecer sintomas e fazer diagnósticos corretos, mas não compreenderá nada do sofrimento dele. (Tesser, 2006)”

                            Notável perceber, nauseado é bem verdade, que exames complementares
supostamente anormais são a pseudo-doença e a razão para prescrições estapafúrdias.” (Bittencourt, 2008)

O consultório médico hoje em dia se tornou uma sala de um pseudo trabalho terapêutico. Muitas pessoas procuram uma orientação médica para aquilo que os aflige, e o consultório se torna um espaço depositário de angústias e desabafos, onde muitas vezes o corpo responde pelas questões emocionais. E o remédio se torna, a partir disto, a “cura” para os problemas enfrentados pelos indivíduos da nossa sociedade. O atendimento médico hoje deixa de ser um fator de necessidade, para um exagero praticado pelas pessoas.
     Com isto, vem-se observando que a cultura medicamentosa está cada vez mais enraizada na sociedade e nas famílias, onde a educação do uso excessivo e sem prescrições de drogas farmacêuticas é passada de geração para geração. Um fato que nos mostra essa realidade que enfrentamos hoje, é a maneira como nossos antepassados lidavam com a questão da saúde e da contenção de sintomas, onde podemos perceber que num momento onde a indústria ainda não tinha seu poder ou até mesmo sua evolução, a resolução dos problemas eram encontradas e executadas de uma outra maneira, sendo que remédios naturais ou até mesmo conhecimentos sobre plantas medicinais eram a opção mais procurada.
     Os medicamentos farmacêuticos são composições químicas que muitas vezes podem causar reações adversas. Hoje em dia, ao contrário de gerações anteriores, não buscamos mais informações sobre aquilo que estamos ingerindo ou qual a causalidade dele. Passou-se a acreditar cegamente nos conhecimentos médicos, químicos e biomédicos e neles foram depositados toda a nossa confiança, não questionando aquilo que nos é indicado ou prescrito. Com isto perdemos a autonomia e a competência de avaliar aquilo que passa de necessário a exagero no nosso cotidiano, e perdemos também o controle daquilo que estamos consumindo, pois acreditamos que o exagero nada mais é do que o necessário. Torna-se uma alienação sobre o consumo e a posologia de medicamentos, queremos apenas o alívio, pelo modo mais fácil e rápido.

     “As pessoas tornaram-se condicionadas a obter em vez de fazer, a comprar em vez de criar: em saúde, não querem mais curar-se, mas serem curadas (Nogueira, 2003a)”
    
     Os fatores históricos são determinantes nas questões sociais que enfrentamos, isso em todo o momento de nossa história. Aquilo que é trazido do passado, nos influencia no presente. A inclusão e/ou implantação da cultura medicamentosa também foi passada ou ensinada como algo bom, como aquilo que surgiu para melhorar a vida das pessoas, por isto foi inserida tão fortemente para nós.
    
     “Um estilo de pensamento é um conjunto entrelaçado de tradição, valores, crenças metafísicas, modelos abstratos, representações simbólicas, métodos e exemplos de procedimentos, aprendidos por semelhança e iniciação ao modo tradicional (extracientífico), que os membros de um coletivo de pensamento compartilham para determinada ação, projeto ou interesse específico. (Tesser, 2006)”

O que podemos perceber hoje é que a cultura dos medicamentos acumulados nas casas de todas famílias e o uso abusivo de medicamentos prescritos ou não prescritos, tornou-se algo normal e aceitável pela maioria da sociedade, pois medicar-se associou-se a ter saúde, ou, a não ser portador de doenças. E sabemos que isto foge da realidade que esta situação significa.
Medicamentos em excesso não significam benefícios para a saúde, pelo contrário, estudos comprovam que o consumo de determinados medicamentos podem causar depência tanto física, quanto psíquica, devendo ser usados em períodos curtos ou quando forem necessários, o que é contrastante com a realidade que presenciamos hoje. Mais uma vez nos deparamos com uma sociedade que se medicaliza para fugir de problemas relacionados a vida:

            “Da mesma maneira, nenhum remédio resolve os problemas de vida de ninguém: os problemas conjugais, relacionais, sociais, afetivos, sexuais e carenciais, no trabalho, na escola, a timidez, a solidão, o orgulho, a autocomiseração, o egoísmo, a culpa... continuam as mesmas ou pioram. Bem usados, os calmantes e outros medicamentos psiquiátricos podem dar uma "força" inicial para que a pessoa resolva ou aceite e aprenda a conviver com seus problemas. Nunca nenhum remédio deve ser usado como fuga de problemas. Se existem problemas emocionais relacionados a fatos da vida, a ajuda de um psiquiatra e de um psicólogo experientes podem ajudar a pessoa a resolver suas questões internas.”

Será que a partir deste ponto podemos considerar que os medicamentos farmacológicos estão surgindo como uma possibilidade de fuga dos problemas encontrados em nosso cotidiano? Ou eles surgem como o meio mais fácil e rápido de obtermos resultados satisfatórios contra aquilo que nos incomoda?
Um fato que não pode ser negado é que nos dias hoje o aumento do consumo de fármacos é gritante e que a dependência (muitas vezes desnecessária) dos mesmos gera um ciclo altamente vicioso que atinge os indivíduos da nossa sociedade contemporânea.

A medicalização excessiva é um dos grandes males da saúde atual, responsável por um número fantástico de vítimas nas mais diversas especialidades médicas. E é surreal observar que estas pessoas ignoram estarem reféns do seu próprio tratamento.” (Bittencourt, 2008)

A medicalização pode ter se tornado um “tratamento” para os problemas que crescem junto com a sociedade? A realidade é que podemos perceber que estas questões estão caminhando conjuntamente: o uso abusivo de remédios com o crescimento e desenvolvimento do mundo capitalista/competitivo e com os problemas psicológicos que vêm atrelados a esta atual sociedade em que vivemos. Tudo isto pode estar colaborando para aquilo que hoje se torna algo alarmante e extremamente preocupante, pois põe em risco a saúde de todos aqueles que fazem o uso abusivo de remédios.

Abç... Patrícia ( Blog | Twitter )