Zine Pasárgada
foi um Fanzine cultural e educacional que se propôs divulgar os mais diversos tipos de expressões artísticas e os mais variados assuntos.

O jornal Pasárgada teve 3 edições impressas e distribuídas na cidade de Piracicaba/SP e está guardado, junto com outras idéias, no limbo da falta de tempo e dinheiro.

O blog retomou a proposta do Zine e abriu espaço para diversidade de idéias e de expressões.

Hoje o blog acompanha o jornal e as atividades estão encerradas.

Foi uma grande satisfação ser um dos amigos do Rei.

Fábio

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Santos Futebol Clube, 98 anos

por Mauro Beting


Mário Ferraz, Argemiro de Souza e Raymundo Marques. É muito provável que ao menos um deles tenha dado uma bela olhada para o Atlântico, lá de Santos, naquela noite de 14 de abril de 1912. Tinham a felicidade de um sonho real. Os tês haviam fundado o Santos FC. No mesmo dia em que, bem mais ao Norte, começava a afundar o maior navio do mundo. “O insubmersível” RMS Titanic matou 1517 passageiros horas depois.

A tragédia de quem pensou grande com enorme irresponsabilidade é típica dos que se acham e, logo, se perdem. Diferente daqueles idealistas que pretendiam fazer do novo clube o maior da cidade. Sem o delírio de ser o que acabou se transformando. O time do Pelé do futebol, o próprio Pelé. O clube que mais gols fez no futebol. O único com duas sedes. O maior campeão de uma cidade que não é capital nem da província. O primeiro clube paulista a marcar 100 gols (em apenas 16 jogos), em 1927. Um clube que não precisaria de Pelé para ser quase tudo isso. Uma equipe que foi muitas vezes montadas por filhos da terra e das areias vizinhas. Um clube que soube comprar pelo Brasil e pela América craques que fizeram o mundo cheio de gols e de outros Santos. Mas só um Santos Futebol Clube. Só um time de anjos. Só um clube que honrou todos os Santos e todo o futebol brasileiro e mundial.

O Titanic que morreu em 1912 é metafóra da presunção do Homem. O Santos que nasceu no mesmo dia é exemplo de que é possível conquistar o planeta sem perder a raiz. O Santos nasceu para subir a serra, conquistar o mar (e até explorar o espaço com o E.T. Pelé), e tomar e tornar o planeta como se fosse uma rua estreita próxima à Vila Belmiro. Por vezes o clube se perde num provincianismo tacanho, fechando-se em (tantas) Copas vencidas, esquecendo que o mar e o Leão dele não podem ficar confinados. O Santos é maior que Santos. Foi o maior da melhor época do futebol brasileiro e mundial – e não apenas por Pelé, pelo amor de Pelé! Escale os tantos Santos dos anos 50 e 60 para ver que quase tudo era possível para aquelas camisas brancas impossíveis.

“O time que ficou 45 minutos sem tocar os pés no chão”, na célebre definição da imprensa portuguesa para o esquadrão que goleou o Benfica, em 1962, no Estádio da Luz. A melhor imagem do maior time do mundo então. Quem sabe o melhor de todos os tempos e campos… Mas, se não for, e daí? Comparar tamanhos é questão menor. Se achar o tal é se perder como tal. É querer singrar e sangrar os mares como o Titanic. O Santos só não nasceu para ser um Titanic. Mas virou um transatlântico de luxo. Leva com ele, desde 1957, no primeiro gol Dele, Pelé, o destino de ser o time que privilegia o gol, a arte, a beleza. Quase tudo que estes meninos que não viram aquele Santos estão fazendo pelas novas gerações. Refazendo o que outros Santos já fizeram.

Está no estatuto do clube o gosto pelo gol, o apreço pelo apuro sem preço. O Santos virou reverente referência. É um patrimônio que ficou por mau tempo tombado. Mas que hoje, honrando a tradição, se reinventa e se renova com os Meninos da Vila Reloaded. O Santos não é só dos santistas. É de quem lotou o Maracanã para vê-lo bi mundial. É de quem enche o Pacaembu a cada jogo. É de quem sabe que, naquela noite de abril de 1912, o sonho de três rapazes era real. Mas eu duvido, com toda a razão e emoção, que eles imaginavam o que esse clube faria. Tenho a certeza que colossos do futebol mundial nasceram sabendo que poderiam conquistar o mundo como Titanics da bola. Mas ninguém foi mais longe que o time de Mário, Argemiro e Raymundo.

O 14 de abril de 1912 não deveria ser lembrado pela tragédia da companhia marítima White Star. O esporte precisaria louvar eternamente a estrela branca que surgiu nos campos naquela noite.
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parabéns ao gigante SANTOS FUTEBOL CLUBE.

"nascer, viver e no SANTOS morrer é um orgulho que nem todos podem ter"

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é uma enorme satisfação.

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